segunda-feira, janeiro 31, 2005

O Sotaque

Atenção gente: eu não vou – nem faço questão – apanhar o tal do very british accent que algumas pessoas gostam de falar. Primeiro, não tenho bem a certeza do significado da expressão. Quando se fala em sotaque britânico, está a falar-se exactamente de quê? Da pronúncia dos trabalhadores das minas do norte? Dos habitantes de Manchester que levam o conceito “falar para dentro” a horizontes nunca dantes imaginados? Do sotaque dos estaleiros de Newcastle?

É o que se fala em Londres? Nos restaurantes tandoori de Brick Lane, aquele carregado de pronúncia curry, ou o dos cromanhoques que invadem o metro nos dias de jogo?

Sim, é mais provável que seja o da família real inglesa. Ou o da famigerada zona Oeste. No entanto, quem é que quereria falar da mesma maneira de uma das famílias mais disfuncionais do mundo?
E, o mais importante, por que é que me interessaria a mim, que não sou inglês, que não nasci em South Kensigton, e prefiro manter uma distância segura de tudo o que envolva coroas e bulas, falar com o tal do very british accent (que é qual, afinal)?

Falar com o very british accent acarretaria uma série de efeitos secundários que considero nefandos. Teria de fazer movimentos involuntários com as sobrancelhas, adquirir uma postura corporal firme e hirta (de que sou indigno, porque gosto de me sentir confortável), e desdenhar de quem ouse falar inglês – a língua mais internacional dos nossos tempos, e que há muito deixou de pertencer exclusivamente aos britânicos –, com um sotaque que nem sequer é utilizado por um décimo das pessoas que falam inglês fluentemente no mundo.

Cheguei a ter colegas nas aulas de inglês da faculdade, onde os professores (esses sim, legitimados pela vicissitude de terem nascido em Inglaterra) notavam que alguns portugueses (legitimados pela vicissitude de nunca terem vivido fora de Portugal) falavam com um sotaque ainda mais very british do que o deles.

Começar a falar com o supra mencionado acento agora, depois destes anos todos de convívio com a língua inglesa, seria um perfeito ridículo, e o assumir um provincianismo português que, por agora, prefiro limitar ao desconhecimento dos procedimentos no Starbucks (onde começa a bicha? Quando é o momento certo para pagar? Qual deles é que me vai entregar o copo? E onde é que está o açúcar? 500 paus por esta merda?).

Um sotaque apanha-se, não se força a aprender. Saber exprimir-se, falar correctamente, ter vocabulário suficiente para não andar a fazer uma constante bricolage com 30 palavras, é o mais importante. A não ser, claro, que o façam por razões humorísticas. Mas, nesse caso, aconselho o inglês que se fala na Irlanda, Escócia, ou na Casa Branca.

Em particular, não tenho nada contra as pessoas que o fazem, sobretudo se pertencerem àqueles espécimes do «desde pequeno que aprendi a falar inglês assim, com o meu pai/mãe inglês/esa, ou o meu professor pederasta (o corrector ortográfico diz-me que pederasta não existe, mas oferece-me como primeiro substituto a palavra «penetraste» - sem comentários) do colégio inglês. Em geral, parecem-me algo afectadas. Sobretudo quando insistem em tentar corrigir o resto da arraia, que insiste em falar inglês de um modo natural e pessoal. São, geralmente, pessoas que adoram dizer Yorkshire e Pudding.

Eu não faço a mínima ideia do que será o som a minha pronúncia. Imagino que, por vezes, soará lá não muito bem, dada a minha vocação para que a minha dicção me leve a entaramelar certas palavras e letras.

Acho provável ter uma espécie de mid-atlantic accent, a atirar algo forte para o americanês. Culpa do imperialismo, obviamente, e da estandardização da música pop. Confortam-se saber que não falo com o agressiva carimbada dos alemães, ou a célebre paellada espanhola; embora confesse achar uma certa piada à ginga dos italianos.

Já me disseram que sim, que tenho um sotaque. Que não falo inglês asséptico – e quem é que quereria falar? – e que tenho um sotaque. Se é o sotaque português, birmanês ou de Chelas, não souberam precisar. Tentei pressionar, comparar, intimidar, mas continuaram sem conseguir precisar-me uma resposta satisfatória. Até que disseram «well, I guess it’s just an André accent, I like it.». Parece-me bem. I’ll stick to it.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Hard to Resist


Já foram quatro vezes ao vivo. Este ano, espera-se, há mais.

The ways of the world have finally got to guitarist Pat Metheny. The Way Up is his warning about the dangers of dumb and a protest at how, in his words, 'everything is getting shorter, smaller, less ambitious, less detailed and less nuanced, and how the world is crumbling in its aesthetic ambitions.'

His answer: a CD that comprises one piece of music that lasts 68 minutes and 25 seconds. It's one of those noble, futile gestures that makes you want to ring and thank him personally. But even he knows, surely, that you're not going to 'get' this until you've heard it about five or six times, which, in a culture that happily decides whether or not to download a 10-minute album track from iTunes on the basis of a 30-second audition, may be asking a bit much.

(Stuart Nicholson, The Observer)

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Ainda à procura

Já contava com a ansiedade do desalojado. Já esperava momentos de solidão capazes de perturbar até um tipo habituado a gostar de estar sozinho. Jantares solitários, ruas estranhas, olhares desconfiados. Cheiros, pessoas, hábitos diferentes.

Mas nunca previ um choque com uma herança latino/mediterrânico-atlântica/sul-europeia tão pesada. Eu, um espécime pouco estereótipado do homem 'latino' (achava eu), perdido no meio de uma cultura de culturas, onde tudo é tudo, mas onde - por enquanto - não encontro muita coisa.

E não, não é o frio, são mesmo as cores.

Mas, adaptando uma grande frase desse grande monumento da comédia adolescente - Wayne's World - eu sei que:
You will be mine, oh yes - you will be mine.

It is...

www.explodingdog.com

sábado, janeiro 22, 2005

As vezes

Seja numa private party de profissionais liberais, seja quando atravessava o atrio do hotel, seja a pedir lume a uma desconhecida ou, simplesmente, strolling down the street: as vezes parece mesmo que estou num episodio do Sex and the City. So nao sei e' se isso e' bom ou mau. E olha - acentos improvisados.

Ainda sem acentos

E sem muito tempo mas, um dia, um dia vamos todos rir com a pequena indiana de bebe ao colo, que ria timidamente enquanto me guiava por uma casa infestada por tres cheiros diferentes de caril; ou a contabilista coreana, com muito dente e pouco olho, que me explicou gentilmente que tinha pago nao-sei-quantos-milhoes-de-pounds pela casa e que eu devia comportar-me como um fantasma enquanto estivesse la; ou mesmo o tal do ex-council building em que so consegui dar uma timida batida na porta, e depois andar o mais depressa possivel dali para fora?

Nao gosto de postar sob pressao. Nao gosto de nao postar quando me apetece.

Valeu a japonesa que nao tem problemas com o contacto fisico, e o irlandes que faz jus a sua nacionalidade e come batatas todos os dias. E, pelos vistos, o aquecedor ate funciona. O problema continuam a ser mesmo as cortinas. Vermelho brilhante? Sim, vermelhas, nao encarnadas que e' uma cor ligeiramente diferente.

Nao gosto de postar sob pressao. This post sucks.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

I will survive


Brevemente, neste blog, varias novidades, muitas historias, caricatos episodios, acentos. Mas, por enquanto, fiquem com esse grande icone da mitologia moderna: John Rambo. Nao tem sido facil, nao senhor, mas ca nos aguentamos. Later.

domingo, janeiro 16, 2005

All That You Can't Leave Behind

quarta-feira, janeiro 12, 2005

E por falar em Mucha

Já que ainda não me resolvi a pendurá-lo* na parede, ponho-o aqui:


*sim, um autêntico, custou-me 10 euros no Mucha Museum, em Praga.

Assim de maneira muito 'nonchalant'

gostava de arranjar um pretexto para dizer que a desassossegada esparramou uma referência a este blogue num post. E, já que estamos em clima pretextual, dizer também que a Sara é senhora de um dos meus blogues preferidos, que ainda por cima 'expõe' Mucha nos Dia dos Reis, e vai regalando a malta com traduções da Anthologie de l'humour noir. Respect.

terça-feira, janeiro 11, 2005

A, obviamente: A

No fim - e por fim -, fica uma sensação boa, feliz. Para os dois.

Há sempre uma primeira vez.

Pelo pouco que foi, pela confusão que foi, pelo bom que foi; e por tudo o que não foi, por tudo o que não podia ter sido, e pelo que não será.
Mesmo que se continue sem perceber. Mas também não havia de ser agora.

«Quando pensas nisto tudo: A - ris (mas aquele riso contente sozinho no quarto) quando se lembra de alguma coisa querida B - levantas a sobrancelha, poes a mao na cabeça e pensas, q burro q fui...N queria nada disto! C - nem pensas, e nem sabes quem é q está a mandar a msg. Teste da ragazza. Só naquela. Bjs e Ola»

It's wonderful, it's wonderful, it's wonderful,
good luck my babe,
it's wonderful, it's wonderful, it's wonderful,
I dream of you...
(Paolo Conte, Via con Me)

Bjs e Adeus

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Agora é a minha vez

De falar de 5 x 2. Vi o trailer e fiquei entusiasmado. Bons actores, boa música, e cenas que pareciam prometer. Mais um filme em formato "irreversível", mas desta vez sobre o casamento, o divórcio, a expressão sexual, as infidelidades, e outras coisas francesas. Que desilusão. Nota positiva, no entanto, para o notório aumento da qualidade na montagem dos trailers no cinema europeu. Finalmente a indústria do velho continente consegue mimetizar o velho truque americano: pôr todas as cenas boas na apresentação do filme.

O filme é chato. É chato e não vai a lado nenhum. Só para trás. Ah - dizem vocês - a força do filme reside na questão da «sugestão». O filme deixa espaços em brancos para que o otário que desembolsa os cinco euros ir preenchendo. Sim, porque o casamento é algo de muito complexo, um verdadeiro submundo de neuroses, sentimentos de culpa, expiações sexuais, crises hormonais de gravidez e afins. Ah - digo eu - mas o filme não deixa de ser fraquito.
Até que começa bem. Um procedimento de efectivação do divórcio do casal, seguido de uma das cenas de sexo mais desconfortáveis que tenho visto numa sala de cinema. Depois é mostrar o que estava antes da separação. Os bons e os maus momentos, os risos perdidos, os choros partilhados, as cumplicidades estabelecidas, as traições, as aproximações ou, simplesmente, que a relação dos dois sempre foi algo... sinistro. Ficamos contentes por eles se terem divorciado. Depois há a cena final, que até tem um mar tipo lagoa (supostamente fustigado por correntes fortíssimas) e um pôr-do-sol inspirador, mas que o máximo que consegue é provocar um revirar de olhos e um desejo ardente que os personagens sejam mascados por um tubarão branco com problemas conjugais.

E, já agora, falando em personagens. Dela, admitindo a óptima interpretação de Bruni-Tedeschi, passamos o filme a tentar perceber se é neurótica, nervosa, insegura, triste, ou, o mais provável, desinteressante. Ele, nas palavras de quem suportou o filme ao meu lado, «é um alarve». Até parece um gajo porreiro, mas é um tipo que não interessa a ninguém. Depois é pô-los numa série de sketches da vida conjugal de pessoas fucked up. Cada "episódio" vai acrescentando pormenores sórdidos à história. Dei por mim a esperar que se descobrisse que o alarve, quando era petiz, tivesse ido passar umas férias à Madeira e travasse conhecimento intímo com o Padre Frederico, o que explicaria a sua condição de fucked up person. É uma espécie de oposto do Eternal Sunshine of the Spotless Mind, filme onde se começa pelo pior e se acaba com o melhor.

Até podia funcionar, mas não funciona. Nunca percebemos porque é que eles estão juntos. Porque é que eles se deram ao trabalho. E não me venham falar em sugestão. O filme é inepto.

Mas, nem tudo é mau. Sparring Partner, de Paolo Conte, já está a repeatear no winamp há umas boas horas, a que se vai juntando o resto do best of do autor italiano, cortesia Soulseek. Ciao.

A Cruzada de Mourinho e O derby


Gritar "Toma, caralho!", junto a milhares de pessoas em extasiante e imbecil uníssono, das bancadas do Estádio de Alvalade, deixou-me um sorriso na cara durante o fim-de-semana e mentalmente indisponível para discutir o jogo com perdedores. Gostaria, no entanto, de recuperar algumas palavras de José Mourinho, sobre o jogo, no Record de domingo passado.

Começa assim: «Parece contraditório, mas o Sporting foi melhor com dez. Inicialmente em 4x4x2 – um sistema que tive de estudar para desenvolver, no qual a disciplina táctica assume preponderância para a ocupação equilibrada». O Sporting foi melhor com dez, com onze, e, desconfio até seria melhor com nove. Confesso que gostava de saber o que é uma ocupação equilibrada. Será que J. Mourinho está a fazer um crítica indirecta à ocupação americana do Iraque?

Algumas linhas depois aparece: «O Benfica – ao contrário do que já ouvi e daquilo que seguramente se irá escrever – não teve falta de ambição. Teve falta de qualidade. Para se ter ambição tem de se ter confiança; para se ter confiança tem de se ter qualidade.» Ou seja, este Benfas sucks.

Depois vem o momento religioso: «Para alimentar a esperança de todos aqueles que como eu têm saudades de Mantorras, vimos-lhe dez minutos a pedir mais e que Deus o ajude». Não sei se entendo quem "pede mais", se Mantorras, se Mourinho ou o comum mortal, mas o que importa é ter fé.

No fim, genial, a dimensão religiosa tranfigura-se em dimensão quixótica (assume a "sua" cruzada) e Mourinho adopta uma postura Clara-Ferreira-Alvesiana de "ando há anos a tentar educar este povo":

«No "flash interview" ouvi falar de quebras físicas e logo dei por mim a pensar que a minha cruzada vai ser mesmo difícil. É que não consigo mesmo que se perceba que isso não existe. A forma não é física. A forma é muito mais que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física. E os nossos comentadores/repórteres, como quase sempre, continuam a influenciar negativamente a opinião daqueles que, em suas casas, precisam de ser orientados na sua capacidade de absorção ou entendimento do jogo».

Num só texto J.M. dá lições de táctica e entendimento futebolístico, critica o imperialismo americano, demonstra que preocupações sintácticas não são importantes quando se é um génio, faz afirmações de Fé, assume-se como um cruzado, acusa a imprensa desportiva portuguesa de ser ignorante com efeitos perniciosos e diz o que toda a gente, menos o José Veiga, sabe: este Benfica é uma merda.

You gotta love him...

«Ocupação equilibrada! Ocupação equilibrada! percebes?"

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Nota blue

Sem feeling não vais a lado nenhum nos blues. Podes ser muito bom no ragtime, mas nos blues não vais a lado nenhum. Porque aquilo é básico, percebes? São doze compassos, mais coisa menos coisas, e progressões básicas de três, quatro, acordes. Só isso. E depois metes-lhe a pentatónica. Não uma pentatónica qualquer. Tem de ser a pentatónica adaptada para blues e pronto - já está. Mas, volto a dizê-lo: sem feeling não vais a lado nenhum. Sem feeling e sem sétimas dominantes. Podes ter maiores de sétima, algumas nonas, ou até uma quarta aumentada; mas sem a sétima dominante não és, nem nunca poderás ser, um blues man. E sem o feeling, claro. Isto vem a propósito de quê? Não sei. Mas, já agora, tomem lá um blues em Sol com sétima dominante.

I got the blues but I don't mind
All I have to do is get to you
And then I feel just fine

I'm on a downer, but not all the way
When I'm feelin' low you do your thing just so
And then I feel OK

Your so good the way you give
So good, you're the best there is

I got the blues
Got it oh so bad
When I think of me its hard to be
A person quite so sad

You got the answer
And it makes me glad
When I'm feelin' small you give me rock n' roll
And then I'm feelin' bad

Your so good the way you give
So good, you're the best there is

Just a lonely soul slowly dyin'
I was smilin' hard but I was lyin'
Then you sailed along with you're sweet dream
When you stole my heart I was with it

Mornin' come Sun don't shine
I'll get by without you
I was lost but now I'm found
Tell me love it was you

Mornin' come Sun don't shine
I'll get by without you
I was lost but now I'm found
Tell me love it was you

Just a lonely soul slowly dyin'
I was smilin' hard but I was lyin'
Then you sailed along with you're sweet dream
When you stole my heart I was with it

(I've Got the..., Labi Siffre)

É que já não foi a primeira vez, foda-se

parem lá com essa merda de dizer que o John Goodman morreu.

«Let's take that hill!»
(The Big Lebowksi, 1998)

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Roma VI - Terribilissimo


«Forte é l'impatto provocato dal formato colossale e dalla peculiarità dei dettagli, specialmente quello delle corna, un particulare che veniva associato a Mosè dalla tradizione latina a causa de un errore di traduzione del traduttore Girolamo, che aveva frainteso un'espressione riferita alla fronte illuminata dell'eroe.
Quasi che Michelangelo avesse intuito il più profondo significato dell'espressione, le corna, la prima parte della figura a essere colpita dalla luce, sembrano dare espressione al fuoco interno che anima e rende vitale il magnifico Mosè.»
(in Michelangelo, Gabriele Bartz & Eberhard König)

8 1/2

Às vezes é bom ser ignorante e ver - pela primeira vez - filmes que já se deviam ter visto há muito tempo. É o assombro, estúpido.

segunda-feira, janeiro 03, 2005

«Eu nem ligo muito à passagem do ano...»

Diziam certas e determinadas pessoas. Passadas algumas horas era vê-las a correrem esbaforidas pelas ruas de Sagres, segurando garrafas de champagne que onanizavam sem qualquer tipo de pejo.

E pronto pá, lá foi mais uma. O importante é perceber que não tem de ser A FESTA do ano, lá porque é a última. Não se pode criar expectativas muito grandes. O importante é perceber que existe a séria possibilidade da noite de 30 para 31 ser bem mais divertida. O importante é perceber que vai haver uma quantidade anormal de gente abraçada e que, por momentos, pode parecer que estamos a assistir àquele ritual bizarro da missa, em que estranhos saltam 6 filas de cadeiras para nos virem dar um grande bacalhau. Mas é tudo numa boa, porque temos é de aproveitar. Aproveitar casas sobrelotadas, discussões e organizações de quartos e acordar com a cara gelada e o fecho do saco-cama encravado. Aproveitar pneus que saltam para fora do carro a 150 km por hora, e o belo fogo de artíficio de fagulhas que se forma. Aproveitar maníacas da ecologia que estilhaçam garrafas de champagne nas próprias mãos. Aproveitar Puff, the Magic Pakistanese Dragon. Aproveitar encontrar as amigas dela, fugir das amigas da outra, falar às amigas delas, ficar sem conversa com as amigas daquela e, invariavelmente, acabar a noite à procura de alguma ou, pelo menos, das amigas delas.

Como se diria em certos círculos de Lisboa: «foi um pagode!».
Como se diria em certos círculos do Porto: «foi uma risota!».
E como alguém escrevia numa das trezentas mensagens que se recebem durante a passagem do ano: «Tchintchim... FELIZ 2005!»

Não detestam quando isto acontece?
Nedstat Basic - Free web site statistics
Personal homepage website counter