quinta-feira, junho 30, 2005

Eu hoje abri o e-mail e senti-me assim:

Image hosted by Photobucket.com

Está a acabar o ano de trabalho para os miúdos mas os homens como tu continuam a trabalhar para não perderem o hábito...

Run, Fauja, Run!

terça-feira, junho 28, 2005

Produtividade zero

Alguém pode desligar a televisão?

Passam hoje exactamente 91 anos...


...do dia em que, segundo uma colega de liceu, um membro da organização Mão Morta assassinou o Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco e nome maior da prática do Rummikub. De acordo com alguns historiadores o atentado foi o rebentar do barril de pólvora que era a cena política europeia da altura, originando a Primeira Guerra Mundial, enquanto para outra parte da doutrina o atentado foi a gota que fez transbordar as relações tensas do copo de água que eram os conflitos de uma europa dividida entre vários pans e atormentada por nacionalismos e revanchismos.

Há quem diga que nos instantes derradeiros da sua morte, Francisco Ferdinando disse à sua mulher: Sopherl! Sopherl! Sterbe nicht! Bleibe am Leben für unsere Kinder!, que traduzido do alemão significa: Soferla! Soferla! Não estrebuches! Quando lambi Bleibe, soube-me a Kinder!

Frida


Não tinha visto o filme, não conhecia a biografia; sabia do buço, do acidente, da Mexicanidade - do pouco que se aprende nas diagonais revisteiras dos Domingos. Felizmente que a Tate Modern, essa fortaleza da arte contemporânea encrustada nas margens do Tamisa, oferece outro tipo de leitura domingueira. A exposição Frida Khalo foi uma surpresa agradável, acrescentou o que faltava de devido à imagem folclórica que tinha da arte da Frida Khalo. Levado um pouco ao sabor da expressão «arte naif», termo pelo qual não morro de amores, descubro uma pintura - uma arte - que de ingénuo tem muito pouco e, sobretudo, uma artista que não faz da «condição feminina» um estandarte, mas sim uma mundividência, que se reflecte nas contradições do exterior, mas mais ainda num olhar doloroso (mas orgulhoso) sobre a própria condição individual.

Outra característica da exposição é a organização: o percurso (temático, não cronológico), a qualidade e acessibilidade dos textos, a disposição das salas; elementos que quase passam despercebidos, já que nunca se interpõem entre aquilo que se vê e a maneira como somos levados a observar, o que acaba por ser a melhor constatação do óbvio: que um museu deve interpor-se ao mínimo entre o espectador e a obra (em certos casos, claro). Os textos que se seguem fazem parte do programa.



Rivera later commented that the paintings Kahlo made in 1932 were 'much better than those she executed before losing her baby,' describing her as: 'The only artist in the history of art who tore open her chest and heart to reveal the biological truth of her feelings.' Indeed, Kahlo told a friend that the painting "Unos Quantos Piquetitos", 1935, based on newspaper accounts of a brutal murder, related to her feelings of being 'murdered by life'. Sometime in the previous year, Rivera had embarked upon an affair with her younger sister Cristina, which wounded Kahlo deeply.



My Dress Hangs There, 1933, set amidst the skyscrapers of New York, ridicules the modern American obsession with sport and sanitation by placing a golf trophy and a toilet on top of classical columns. The temple (Federal Hall), with its steps in the form of a sales graph, and the church, with a dollar sign in its window, are dedicated to the worship of mammon. At the centre of the composition is a traditional Mexican dress, of the type Kahlo took to wearing soon after she married Rivera. By adopting regional costume, and through paintings such as these, Kahlo developed her own distinctive brand of Mexicanidad at a time when, post-revolution, the country was rediscovering its pre-Columbian and indigenous heritage.

sexta-feira, junho 24, 2005

É muito péni

terça-feira, junho 21, 2005

Solstício

O dia com mais sol do ano. Londres, muito gentilmente, faz o favor de ter clima de Verão. Sol, calor, mulheres bonitas, cheiro a bronzeador. Cheira a Verão, finalmente, embora na minha zona cheire um bocado a bosta, por causa daquela gente que tem a mania de passear de cavalo pela manhã, e mesmo que achem que são civilizados porque andam com a palha atrás, o sol em coisas de bosta não perdoa.

O dia com mais sol do ano, a partir de hoje começam a diminuir os dias... deprê. Nunca achei que isto tivesse assim tanta importância, mas um inverno passado num buraco em East London deixa mossa.

Talvez siga as recomendações dos antigos sábios e vá em rituais, esquartejar uns animais e tal, tipo as pessoas que andam de cavalo nas ruas perto de minha casa. Ou então vou ver o novo Batman, se ele recomenda deve ser coisa boa.

domingo, junho 19, 2005

Para a amiga, a amante, a artista, a mulher:


Ternura

«Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos.
Das horas que passei à sobra dos teus gestos
Bebendo em tua bôca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afecto que te deixo
Não traz o exaspêro das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossêgo, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade
o olhar extático da aurora.»


(Vinicius de Moraes)

segunda-feira, junho 13, 2005

Thanks again, Pat

Ver o Pat Metheny pela quinta vez ao vivo significa uma série de coisas, a mais importante é esta: o Coro de Santo Amaro de Oeiras já não tem o recorde de grupo musical que eu vi mais vezes in loco.

Outro aspecto, também importante, é o facto de ter ficado sentado na primeira fila (por mais cinco libras...!), portanto podia ver perfeitamente os dedos do Metheny a envergonharem 99% das pessoas que dizem que tocam guitarra no mundo, ao mesmo tempo que evitava contacto visual com os esgares de dor que acompanham um génio daquele calibre. O público (não digo inglês porque em Londres ninguém é inglês) era excelente - não houve cá saudades do «mítico calor lusitano» -, depois de cada solo parecia que o Apollo vinha abaixo.

Tive um arrepio quando soou pela primeira vez o tema do The Way Up; uma inversão de um Lá com sexta e nona bateu-me em cheio na testa e deixou-me um lágrima nos olhos (mas não rolou, alto lá); quando o tipo se despediu e agradeceu quase que saltei o palco e lhe dei um abraço (apenas porque seria fácil, mas seria ainda mais fácil ser agredido pelo baterista latino-americano, que estava mesmo à minha frente e era um tipo grande que gostava de fazer solos só acessíveis a pessoas com quatro hemisférios cerebrais).

E quando soaram os primeiros acordes do Last Train Home? Nem quero falar sobre isso...

Agora, por motivos de arquivo pessoal (the point of a blog, no?) passo a palavra a outro senhor que, mesmo usando expressões como «heights of fantasy», percebeu o que se passou:

«This dusty old pile beneath the Hammersmith flyover was still quivering when, after two encores, three standing ovations and three hours of music, Pat Metheny and his co-heroes finally disappeared into the wings. They'd given a fantastic performance - and that's the right word for an evening of music whose passion and precision really did reach heights of fantasy.

The shock-haired American virtuoso may not be everybody's favourite jazz guitarist (although the horde of converts around the merchandise stall would disagree), but nobody can deny his achievement in making an extended jazz suite a concert reality. The opening piece, composed by Metheny with his pianist Lyle Mays, lasted an hour and 20 minutes. In live-jazz circles that's unheard of, yet such was the acclaim that the concert could have ended right there.

It seemed minutes, opera-house style, before the applause subsided and Metheny could speak. 'Usually I say 'That piece is taken from our new CD',' he quipped, 'but in fact that was our new CD.' Dreamlike one moment and storming the next, this brilliant work used acoustic and synthetic voicings to transport recurring themes through a host of keys and rhythms. A lot of music to learn - nearly 30 minutes before the first extended solo - it was played faultlessly. (...)»
[Jack Massarick, Evening Standard]

Image hosted by Photobucket.com
A Ibanez de Pat Metheny é um instrumento musical único e também pode ser usada como comando para a Playstation 2.

sexta-feira, junho 10, 2005

Boob size does matter

Para quem conhece a sensação de estar deitado de barriga para baixo na cama a ler qualquer coisa do Alan Moore ou do Frank Miller

Personagens bidimensionais com uma caracterização exagerada, vozes ríspidas saídas de um filme de série B narram frases rísiveis, pouco mais para lá das imagens em termos da substância da história, muita violência gratuita e homens com pistolas e mulheres seminuas decalcadas de fantasias adolescentes.

É um filme de uma banda desenhada, estúpido, e não é a melhor adaptação do universo dos comics ao cinema, são comics num ecrã de cinema, ou melhor: é uma graphic novel (expressão mais redentora para qualquer nerd que algum dia preferiu ficar em casa a ler BD do que ir andar de bicicleta e apanhar calduços de tipos chamados Pêpê) num ecrã de cinema.

Sinceramente, nunca pensei que o Rodriguez fosse capaz de uma coisa destas, não por não gostar do Roberto, mas achava-o capaz de se perder no meio de tanto dinheiro.

Porque por outro lado só um homem que não tem medo de usar e abusar do botão de zoom, que consegue criar estilo de qualquer pose saída de uma série má dos anos 70, que tem uma noção clara de como é que se pode hiperbolizar com uma câmara e ainda ser convidado para Sundance ou Cannes, e que é amigo do Tarantino (muito importante), é que seria capaz de fazer um filme destes.

Image hosted by Photobucket.com

Intercâmbios culturais - «COTSAI!»

É da praxe que as primeiras palavras que se aprendem de uma língua estrangeira sejam palavrões, ou neste caso um verbo no imperativo com conotações sexuais. Portanto não é surpreendente que depois de um fim-de-semana com uma pandilha de gente da Polónia, a passear por Cambridge, Oxford e Windsor, eu seja agora um homem habilitado a viajar até Cracóvia e ordenar a qualquer a polaca que se "acocore". Sim, é essa a tradução literal, já que ao meu «is it like 'to kneel down'?», o polaco respondeu, «no, no, it's much better: it's like the position you use to take a shit in the woods». Er... nice.

(não esquecer que é necessário gritar a palavra como se fossemos um guarda do Exército Vermelho e alguém entornasse vinho nos bigodes de um busto de Lenine, ao que acompanha um brusco gesto digital - com os dedos, seus cretinos - que clarifica a finalidade e o destino da posição)

Image hosted by Photobucket.com
Ring ring
«Hello! We are a bunch of Polish guys and girls, and one portuguese git, who came to see the Queen Mother, she is expecting us.»
«Oh dear, the Queen Mother has died some years ago, I am afraid...»
«Oh really? Fuck that bitch then... Let's have some more beers - we are Polish!»

quinta-feira, junho 09, 2005

Evidências

É evidente que não tenho conseguido apanhar a internet do meu vizinho.

Também é claro que o tempo em Londres é esquizofrénico (ou talvez seja eu).

É evidente que não tenho visto a minha vizinha no hall do prédio. Sim, sim, esta vizinha (ah, já tinha dito?):

Image hosted by Photobucket.com

É óbvio que quando sair daqui vou passar na HMV (está naquela altura do mês) e investigar estas sugestões.

É evidente que será pouco provável conseguir ganhar um bilhete na rifa do Live 8, por cada mensagem que envie haverá sempre um batalhão de gente que gosta do Paul McCartney a mandar três vezes mais (e o conceito de free tickets é muito relativo).

Também são óbvios os meus limitados conhecimentos musicais, já que pensava que Hey-City-Zen era apenas um nome muito cool para um blog, e não uma música ainda mais cool, cujo download já afectou seriamente a minha produtividade de hoje.

Por fim, tornar-se-à por demais elementar que essa imagem aí em baixo pedia uma boa legenda, talvez até uns balõezinhos de banda desenhada, ou qualquer tipo de comentário corrosivo. But who the fuck cares?

Image hosted by Photobucket.com

E olhem, é mesmo evidente que nunca - mas nunca mesmo - se deve vender a espada virtual de outrém:

«Qiu Chengwei stabbed Zhu Caoyuan in the chest when he found out he had sold his virtual sword for 7,200 Yuan (£473)

terça-feira, junho 07, 2005

Brutal

Image hosted by Photobucket.com

sexta-feira, junho 03, 2005








A pressão

Sempre admirei a capacidade das pessoas em conseguir alimentar conversas com empregados de café, tabacarias e tratadores de crocodilos. Por qualquer falha pessoal nunca consegui passar além das regras elementares da cortesia: um «bom dia», um «se faz favor», e o consequente «obrigado».

O desafio de conseguir desenvolver uma conversa que seja ao mesmo tempo cordial e substancial, mas confinada ao espaço de um minuto, era para mim um obstáculo intransponível.

Como sofria consumido pela inveja de ver os colegas na universidade a invocar o «Sr. António» ou a «D. Rosa», a comentar as mais recentes transferência do futebol, a perguntar pelos mais novos, a comparar ligações no Hi5.

Recentemente as coisas têm vindo a mudar.

Há a nigeriana que me chama «sweetie» e que teve a bondade de me explicar porque é que não gosta de queijo; há a italiana de Caserta que gosta de me lembrar quão mau está o meu italiano; há a Maria que é mais fanática pelo Sporting do que eu; e há a polaca que gosta de me fazer festinhas na nuca.

I just don't know if I can handle the pressure.

On the spot

Nedstat Basic - Free web site statistics
Personal homepage website counter