Here's looking at you kid
O Vasco pediu «reconhecimento pelo conhecimento que anda a proporcionar». O Vasco pede porque foi ele que me emprestou o Casablanca (numa bela edição em DVD, é verdade), e o Animals do Ricky Gervais (esse sim, tarefa complicada para arranjar na capital mundial dos Malucos do Riso), entre outras coisas. Não tenho por costume reconhecer pelo conhecimento - não desde a extinção do dodó - mas neste caso, como é o Vasco, eu abro uma excepção. E, claro, sempre é um bom motivo para pôr mais uma mulher bonita neste blog (o poema é on the house).
Para o Vasco,
(...)
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abri-los ela não estará mais presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
[Vinicius de Moraes, Receita de Mulher]
Versão integral
Para o Vasco,
(...)
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abri-los ela não estará mais presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
[Vinicius de Moraes, Receita de Mulher]
Versão integral
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