sexta-feira, outubro 08, 2004

Roma IV - Il Capitano


Il Capitano. O filho da cidade. As mulheres adoram-no, os homens querem ser como ele. A verdadeira penca romana. Francesco Totti é um gajo a que assentam bem alguns lugares comuns, mas os lugares comuns também nunca fizeram mal a ninguém. O que interessa aqui é que o Francé, como lhe chamam os amigos, foi grande responsável por dar ao clube o campeonato que não conseguia desde os anos 50. O que interessa aqui é que o homem só não é um fenómeno futebolístico maior porque não é muito esperto (cospe primeiro e pergunta depois), e porque a Roma que ganhou o campeonato desapareceu definitivamente este ano, afogada em crises financeiras e directivas.
É pena, porque o Totti - quando não anda a dar banho a dinamarqueses - até é um gajo à maneira: é embaixador da UNICEF, publicou livros com as próprias bacoradas para ajudar criancinhas e velhinhos, e casou com uma mulher que bate o baldaquino do Bernini nas curvas. E olhem que não é tão burro como parece, embora não conste que contribue muito para a prosperidade da Feltrinelli. Quando o Totti sair da Roma, o que parece inevitável, a cidade fica amputada de um dos poucos símbolos que não tem perto de 2000 anos, embora algumas das más-línguas digam que tem ar de calhau, o que é mesquinho mas, admitamos, engraçado.
E depois há a questão dos «totti-clones». Eles vagueiam, remansadamente, diariamentente, pelas vias romanas; mimetizam ao pormenor o cabelo, a pose (postura tensa e hirta, nuca inclinada para trás), ostentam o indispensável ar bronco e fazem esforços tremendos para conseguir decorar todos os quatro cânticos (com as suas sete variações) que oferecem a Il Capitano. O que será deles quando já não houver mais Totti em Roma? O que será deles - pelas tetas da mãe loba! - o que será deles...

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