segunda-feira, dezembro 27, 2004

O Sacana

«Tu és um bocado sacana...». Disse-lhe ela.
«Um sacana, eu? Ah... um sacana...». Cogitou A., por entre uma multidão indistinta de meninos de Cascais e cabeleireiras da linha, num ambiente pouco natalício de funky disco.

Ser um sacana não é necessariamente uma coisa má, pensou A. O priberam define sacana como biltre, patife. No entanto, para A., existem algumas diferenças. O biltre, ponderou, é um tipo desprezível, baixo, mesquinho. Alguém pouco recomendável. Já o patife, supôs A., é alguém dado a patifarias. A golpes baixos, ao engano do próximo.

Ora, o sacana é diferente. Como em «ó meu granda sacana, venham de lá esses ossos». O sacana faz as suas sacanagens, mas não é necessariamente uma pessoa má. O sacana não causa grandes estragos. Claro que há sacanas e sacanas, mas toda a gente tolera um bom sacana. O bom sacana faz rir os outros, e, sobretudo, é um gajo que se fica a rir.

A. acordou tarde no dia seguinte. Tinha a boca seca, doí-lhe a cabeça e, sobretudo, não tinha vontade nenhuma de rir.
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