terça-feira, dezembro 21, 2004

One night stand

Era só o que faltava: aparecer-me, agora, a Sarah McLachlan na televisão. Com um vestido brilhante, tipo reveillon, em tons de azul cobalto, a fazer festinhas na guitarra e a mostrar como é que se tem um vozeirão que nunca passa os picos da candura e do bom gosto. E quando ela pende a cabeça ligeiramente para os lados, semicerra os olhos, encolhe os ombros ao piano, morde os lábios com ar de malandra ou faz caras de menina apaixonada? Apetece levar para casa e abrir garrafas de vinho. Apetece fazer-lhe festinhas no cabelo e dar-lhe beijinhos nos ombros, entre outras coisas foleiras, enquanto ela diz que o amor é tudo; enquanto ela fala do medo de amar ou do que é encontrar o amor no mundo, sem um pingo de foleirice.

E depois dar-lhe um abraço do tamanho de todas aquelas noites. Desde aqueles primórdios da internet, quando ainda havia paciência para discussões em newsgroups, em que um canadiano aspirante a poeta de haikus me recomendou o Solace e o Fumbling Towards Ecstasy. A música da cantora canadiana será sempre sinónimo de incursões por noites dentro; sozinho, acompanhado. São presenças na minha discografia que se tornam difíceis de associar a períodos específicos. Pela multidão de noites, de sensações, de cheiros, de sentimentos.

E agora, nesta precisa noite, aparece-me a Sarah McLachlan na televisão. Uma senhora artista de palco. Deslumbrante com uma guitarra nas mãos. Doce no piano. Verdadeira na voz.

Os discos continuam na prateleira até qualquer outro dia; mas foi mais uma noite inesquecível.
Beijinhos.

Nedstat Basic - Free web site statistics
Personal homepage website counter