Agora é a minha vez
De falar de 5 x 2. Vi o trailer e fiquei entusiasmado. Bons actores, boa música, e cenas que pareciam prometer. Mais um filme em formato "irreversível", mas desta vez sobre o casamento, o divórcio, a expressão sexual, as infidelidades, e outras coisas francesas. Que desilusão. Nota positiva, no entanto, para o notório aumento da qualidade na montagem dos trailers no cinema europeu. Finalmente a indústria do velho continente consegue mimetizar o velho truque americano: pôr todas as cenas boas na apresentação do filme.
O filme é chato. É chato e não vai a lado nenhum. Só para trás. Ah - dizem vocês - a força do filme reside na questão da «sugestão». O filme deixa espaços em brancos para que o otário que desembolsa os cinco euros ir preenchendo. Sim, porque o casamento é algo de muito complexo, um verdadeiro submundo de neuroses, sentimentos de culpa, expiações sexuais, crises hormonais de gravidez e afins. Ah - digo eu - mas o filme não deixa de ser fraquito.
Até que começa bem. Um procedimento de efectivação do divórcio do casal, seguido de uma das cenas de sexo mais desconfortáveis que tenho visto numa sala de cinema. Depois é mostrar o que estava antes da separação. Os bons e os maus momentos, os risos perdidos, os choros partilhados, as cumplicidades estabelecidas, as traições, as aproximações ou, simplesmente, que a relação dos dois sempre foi algo... sinistro. Ficamos contentes por eles se terem divorciado. Depois há a cena final, que até tem um mar tipo lagoa (supostamente fustigado por correntes fortíssimas) e um pôr-do-sol inspirador, mas que o máximo que consegue é provocar um revirar de olhos e um desejo ardente que os personagens sejam mascados por um tubarão branco com problemas conjugais.
E, já agora, falando em personagens. Dela, admitindo a óptima interpretação de Bruni-Tedeschi, passamos o filme a tentar perceber se é neurótica, nervosa, insegura, triste, ou, o mais provável, desinteressante. Ele, nas palavras de quem suportou o filme ao meu lado, «é um alarve». Até parece um gajo porreiro, mas é um tipo que não interessa a ninguém. Depois é pô-los numa série de sketches da vida conjugal de pessoas fucked up. Cada "episódio" vai acrescentando pormenores sórdidos à história. Dei por mim a esperar que se descobrisse que o alarve, quando era petiz, tivesse ido passar umas férias à Madeira e travasse conhecimento intímo com o Padre Frederico, o que explicaria a sua condição de fucked up person. É uma espécie de oposto do Eternal Sunshine of the Spotless Mind, filme onde se começa pelo pior e se acaba com o melhor.
Até podia funcionar, mas não funciona. Nunca percebemos porque é que eles estão juntos. Porque é que eles se deram ao trabalho. E não me venham falar em sugestão. O filme é inepto.
Mas, nem tudo é mau. Sparring Partner, de Paolo Conte, já está a repeatear no winamp há umas boas horas, a que se vai juntando o resto do best of do autor italiano, cortesia Soulseek. Ciao.
O filme é chato. É chato e não vai a lado nenhum. Só para trás. Ah - dizem vocês - a força do filme reside na questão da «sugestão». O filme deixa espaços em brancos para que o otário que desembolsa os cinco euros ir preenchendo. Sim, porque o casamento é algo de muito complexo, um verdadeiro submundo de neuroses, sentimentos de culpa, expiações sexuais, crises hormonais de gravidez e afins. Ah - digo eu - mas o filme não deixa de ser fraquito.
Até que começa bem. Um procedimento de efectivação do divórcio do casal, seguido de uma das cenas de sexo mais desconfortáveis que tenho visto numa sala de cinema. Depois é mostrar o que estava antes da separação. Os bons e os maus momentos, os risos perdidos, os choros partilhados, as cumplicidades estabelecidas, as traições, as aproximações ou, simplesmente, que a relação dos dois sempre foi algo... sinistro. Ficamos contentes por eles se terem divorciado. Depois há a cena final, que até tem um mar tipo lagoa (supostamente fustigado por correntes fortíssimas) e um pôr-do-sol inspirador, mas que o máximo que consegue é provocar um revirar de olhos e um desejo ardente que os personagens sejam mascados por um tubarão branco com problemas conjugais.
E, já agora, falando em personagens. Dela, admitindo a óptima interpretação de Bruni-Tedeschi, passamos o filme a tentar perceber se é neurótica, nervosa, insegura, triste, ou, o mais provável, desinteressante. Ele, nas palavras de quem suportou o filme ao meu lado, «é um alarve». Até parece um gajo porreiro, mas é um tipo que não interessa a ninguém. Depois é pô-los numa série de sketches da vida conjugal de pessoas fucked up. Cada "episódio" vai acrescentando pormenores sórdidos à história. Dei por mim a esperar que se descobrisse que o alarve, quando era petiz, tivesse ido passar umas férias à Madeira e travasse conhecimento intímo com o Padre Frederico, o que explicaria a sua condição de fucked up person. É uma espécie de oposto do Eternal Sunshine of the Spotless Mind, filme onde se começa pelo pior e se acaba com o melhor.
Até podia funcionar, mas não funciona. Nunca percebemos porque é que eles estão juntos. Porque é que eles se deram ao trabalho. E não me venham falar em sugestão. O filme é inepto.
Mas, nem tudo é mau. Sparring Partner, de Paolo Conte, já está a repeatear no winamp há umas boas horas, a que se vai juntando o resto do best of do autor italiano, cortesia Soulseek. Ciao.
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