Furadeira de Fogo
Hoje fui evacuado. Não fui só eu, foi toda a ala do edifício em que trabalho. Numa altura em que só pensava no indispensável primeiro café da manhã, aparece-me uma senhora com uma braçadeira amarela, que me explicou de forma pouco simpática que tinha de abandonar o prédio. Estavam a fazer um exercício de incêndio.
O chamado Fire Drill ou, em português, Furadeira de Fogo. Eu que tinha acabado de chegar tive de me juntar a uma procissão de gente dormente, guiada por sorridentes empunhadores de estandartes, cada um a simbolizar um andar do prédio. É importante estar preparado para um incêndio, não neguemos isso, mas toda a experiência foi uma grande patetice.
Primeiro, se houvesse um fogo eu não tinha passado pela segurança para, passado um minuto, ser forçado a sair. Segundo, ninguém – em caso de um verdadeiro incêndio – se moveria a uma velocidade absolutamente cordeira, fumando cigarros e tentando perceber se afinal há ou não gajas boas no prédio. Depois, se querem levar a sério o propósito do exercício devem tornar a experiência o mais real possível. Achei que seria interessante haver alguém que borrifasse – aleatoriamente – os funcionários com pequenos esguichos de gasolina, e ateasse fogo. Os danos não seriam sérios, e teríamos pessoas histéricas que correriam de um lado para o outro sem saber bem o que fazer. Com sorte poderia acontecer que se rebolassem no chão: uma pequena alegria numa manhã chuvosa.
Outra coisa, tem de haver uma menina de oito anos presa em algum lado. Não consta que trabalhem aqui meninas de oito anos, mas deve haver agências que aluguem, e assim mantinha-se sempre uma (just in case) numa pequena despensa do quarto andar. Tem de haver meninas de oito anos presas em despensas num caso de incêndio, se não corremos o risco de no meio de uma evacuação a sério ninguém gritar: “Oh meu deus! Há uma menina de oito anos presa numa despensa do quarto andar!”. E que raio de incêndio seria esse?
«Shit, it's the wrong closet!»
O chamado Fire Drill ou, em português, Furadeira de Fogo. Eu que tinha acabado de chegar tive de me juntar a uma procissão de gente dormente, guiada por sorridentes empunhadores de estandartes, cada um a simbolizar um andar do prédio. É importante estar preparado para um incêndio, não neguemos isso, mas toda a experiência foi uma grande patetice.
Primeiro, se houvesse um fogo eu não tinha passado pela segurança para, passado um minuto, ser forçado a sair. Segundo, ninguém – em caso de um verdadeiro incêndio – se moveria a uma velocidade absolutamente cordeira, fumando cigarros e tentando perceber se afinal há ou não gajas boas no prédio. Depois, se querem levar a sério o propósito do exercício devem tornar a experiência o mais real possível. Achei que seria interessante haver alguém que borrifasse – aleatoriamente – os funcionários com pequenos esguichos de gasolina, e ateasse fogo. Os danos não seriam sérios, e teríamos pessoas histéricas que correriam de um lado para o outro sem saber bem o que fazer. Com sorte poderia acontecer que se rebolassem no chão: uma pequena alegria numa manhã chuvosa.
Outra coisa, tem de haver uma menina de oito anos presa em algum lado. Não consta que trabalhem aqui meninas de oito anos, mas deve haver agências que aluguem, e assim mantinha-se sempre uma (just in case) numa pequena despensa do quarto andar. Tem de haver meninas de oito anos presas em despensas num caso de incêndio, se não corremos o risco de no meio de uma evacuação a sério ninguém gritar: “Oh meu deus! Há uma menina de oito anos presa numa despensa do quarto andar!”. E que raio de incêndio seria esse?
«Shit, it's the wrong closet!»
<< Home