Olha aí o critério - I
Escreve o Pedro Mexia no Fora do Mundo:
Tenho os primeiros álbuns dos U2 e trauteio temas como «I Will Follow» com algum fervor. Mas isso pertence aos anos 80. Entretanto, qualquer pessoa com critério reconhece que os irlandeses perderam interesse. Alguns críticos dizem que o grupo é potável até The Joshua Tree (1987) [inclusive], U2 versão guitarras, não particularmente sofisticados (eram mesmo um bocadito bimbos) mas com grandes canções inquietas (no campo político e religioso). Eu vou até Achtung Baby (1991), não apenas porque gosto genuinamente do álbum mas porque conheço poucos casos de bandas que tenham arriscado reinventar com sucesso o seu som (neste caso para mais agressivo, dançável e electrónico). Mas depois disso desliguei. Sobretudo desde que Bono é Secretário-Geral da ONU. Já não há paciência. (post original)
Apenas algumas notas, que é como quem diz considerações pessoais, que é como quem diz limões - toda a gente tem o seu (os U2 tinham um enorme que se transformava em bola de discoteca).
Os U2 um "bocadito bimbos" na década de 80? É só olhar para a roupa dos rapazes no concerto do Live Aid, a produção dos três primeiros discos, o white flag waving do Bono em palco, para perceber que "bocadito bimbo" é um eufemismo. Mas perdoa-se pela energia da banda em palco, pelo (desculpem o lugar comum) minimalismo da guitarra Edgiana; perdoam-se as letras toscas porque cantar com tanta intensidade sobre perdas adolescentes da mãe ou crises espirituais, não é para todos.
Para mim os U2 verdadeiramente interessantes (e recorrentes no leitor de cds) aparecem a partir de Joshua Tree, inclusivé também, mais perenes tanto na música como nas letras.
Sobre o Achtung Baby, por motivos óbvios, ando a prometer a mim mesmo escrever um post sobre aquele que é um dos meus discos. O Achtung é a Berlim reunificada de tudo o que torna os U2 uma banda tão importante e completa. Muito mais do que introduzir a electrónica, a batida, uma songwriting menos tosca, deu-nos a ironia, o sexo e - sobretudo - as mulheres.
Causa-me alguma impressão é o tal critério que parece ignorar o Zooropa e até o Pop. O Zooropa é uma ressaca do Acthung Baby, embora independente enquanto obra, e é das viagens mais estimulantes que a banda pode oferecer. O disco não é tão coerente como o Joshua ou o Achtung mas, por outro lado, consegue (em rasgos) estender as fronteiras dos novos U2 (que jogam o jogo do possível que se pode experimentar na categoria pop e desafiar os ouvintes) e ancorar fortes referências no que é a essência da banda: a relação intimista com os fãs, a exposição lírica - que se resume na faixa final, The Wanderer, interpretada pelo desaparecido Johnny Cash.
Depois há Pop, mas para falar de Pop tem de se falar das músicas ao vivo. Pop foi um parto estranho e atribulado (sim, sim, grande obras também o foram), mas é nas interpretações da digressão que se conseguiu descobrir que os U2 tinham encerrado da melhor forma outra das "trilogias" que marcam a sua obra. Mofo, Please, Gone, Discotheque, Last Night on Earth (tenho pouca paciência para o electro-acústico do Staring at the Sun), mostraram em palco porque é que valeu a pena ter esperado tanto tempo.
A partir daí, reconheço que os irlandeses perderam (algum) interesse, os novos álbuns são passos ao lado, que trazem pouco de novo. Mas é U2 e, para mim, é sempre bom (até ver).
Em Agosto, lá estarei em Alvalade, fanático por um dia em mais uma experiência quasi-religiosa: I Will Follow.
Tenho os primeiros álbuns dos U2 e trauteio temas como «I Will Follow» com algum fervor. Mas isso pertence aos anos 80. Entretanto, qualquer pessoa com critério reconhece que os irlandeses perderam interesse. Alguns críticos dizem que o grupo é potável até The Joshua Tree (1987) [inclusive], U2 versão guitarras, não particularmente sofisticados (eram mesmo um bocadito bimbos) mas com grandes canções inquietas (no campo político e religioso). Eu vou até Achtung Baby (1991), não apenas porque gosto genuinamente do álbum mas porque conheço poucos casos de bandas que tenham arriscado reinventar com sucesso o seu som (neste caso para mais agressivo, dançável e electrónico). Mas depois disso desliguei. Sobretudo desde que Bono é Secretário-Geral da ONU. Já não há paciência. (post original)
Apenas algumas notas, que é como quem diz considerações pessoais, que é como quem diz limões - toda a gente tem o seu (os U2 tinham um enorme que se transformava em bola de discoteca).
Os U2 um "bocadito bimbos" na década de 80? É só olhar para a roupa dos rapazes no concerto do Live Aid, a produção dos três primeiros discos, o white flag waving do Bono em palco, para perceber que "bocadito bimbo" é um eufemismo. Mas perdoa-se pela energia da banda em palco, pelo (desculpem o lugar comum) minimalismo da guitarra Edgiana; perdoam-se as letras toscas porque cantar com tanta intensidade sobre perdas adolescentes da mãe ou crises espirituais, não é para todos.
Para mim os U2 verdadeiramente interessantes (e recorrentes no leitor de cds) aparecem a partir de Joshua Tree, inclusivé também, mais perenes tanto na música como nas letras.
Sobre o Achtung Baby, por motivos óbvios, ando a prometer a mim mesmo escrever um post sobre aquele que é um dos meus discos. O Achtung é a Berlim reunificada de tudo o que torna os U2 uma banda tão importante e completa. Muito mais do que introduzir a electrónica, a batida, uma songwriting menos tosca, deu-nos a ironia, o sexo e - sobretudo - as mulheres.
Causa-me alguma impressão é o tal critério que parece ignorar o Zooropa e até o Pop. O Zooropa é uma ressaca do Acthung Baby, embora independente enquanto obra, e é das viagens mais estimulantes que a banda pode oferecer. O disco não é tão coerente como o Joshua ou o Achtung mas, por outro lado, consegue (em rasgos) estender as fronteiras dos novos U2 (que jogam o jogo do possível que se pode experimentar na categoria pop e desafiar os ouvintes) e ancorar fortes referências no que é a essência da banda: a relação intimista com os fãs, a exposição lírica - que se resume na faixa final, The Wanderer, interpretada pelo desaparecido Johnny Cash.
Depois há Pop, mas para falar de Pop tem de se falar das músicas ao vivo. Pop foi um parto estranho e atribulado (sim, sim, grande obras também o foram), mas é nas interpretações da digressão que se conseguiu descobrir que os U2 tinham encerrado da melhor forma outra das "trilogias" que marcam a sua obra. Mofo, Please, Gone, Discotheque, Last Night on Earth (tenho pouca paciência para o electro-acústico do Staring at the Sun), mostraram em palco porque é que valeu a pena ter esperado tanto tempo.
A partir daí, reconheço que os irlandeses perderam (algum) interesse, os novos álbuns são passos ao lado, que trazem pouco de novo. Mas é U2 e, para mim, é sempre bom (até ver).
Em Agosto, lá estarei em Alvalade, fanático por um dia em mais uma experiência quasi-religiosa: I Will Follow.
<< Home