Para quem conhece a sensação de estar deitado de barriga para baixo na cama a ler qualquer coisa do Alan Moore ou do Frank Miller
Personagens bidimensionais com uma caracterização exagerada, vozes ríspidas saídas de um filme de série B narram frases rísiveis, pouco mais para lá das imagens em termos da substância da história, muita violência gratuita e homens com pistolas e mulheres seminuas decalcadas de fantasias adolescentes.
É um filme de uma banda desenhada, estúpido, e não é a melhor adaptação do universo dos comics ao cinema, são comics num ecrã de cinema, ou melhor: é uma graphic novel (expressão mais redentora para qualquer nerd que algum dia preferiu ficar em casa a ler BD do que ir andar de bicicleta e apanhar calduços de tipos chamados Pêpê) num ecrã de cinema.
Sinceramente, nunca pensei que o Rodriguez fosse capaz de uma coisa destas, não por não gostar do Roberto, mas achava-o capaz de se perder no meio de tanto dinheiro.
Porque por outro lado só um homem que não tem medo de usar e abusar do botão de zoom, que consegue criar estilo de qualquer pose saída de uma série má dos anos 70, que tem uma noção clara de como é que se pode hiperbolizar com uma câmara e ainda ser convidado para Sundance ou Cannes, e que é amigo do Tarantino (muito importante), é que seria capaz de fazer um filme destes.
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