sexta-feira, junho 03, 2005

A pressão

Sempre admirei a capacidade das pessoas em conseguir alimentar conversas com empregados de café, tabacarias e tratadores de crocodilos. Por qualquer falha pessoal nunca consegui passar além das regras elementares da cortesia: um «bom dia», um «se faz favor», e o consequente «obrigado».

O desafio de conseguir desenvolver uma conversa que seja ao mesmo tempo cordial e substancial, mas confinada ao espaço de um minuto, era para mim um obstáculo intransponível.

Como sofria consumido pela inveja de ver os colegas na universidade a invocar o «Sr. António» ou a «D. Rosa», a comentar as mais recentes transferência do futebol, a perguntar pelos mais novos, a comparar ligações no Hi5.

Recentemente as coisas têm vindo a mudar.

Há a nigeriana que me chama «sweetie» e que teve a bondade de me explicar porque é que não gosta de queijo; há a italiana de Caserta que gosta de me lembrar quão mau está o meu italiano; há a Maria que é mais fanática pelo Sporting do que eu; e há a polaca que gosta de me fazer festinhas na nuca.

I just don't know if I can handle the pressure.
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