Update musical, João César das Neves e o Tesão
João César das Neves a profetizar em grande estilo no DN:
(...) A juventude naturalmente não pode existir sem uma fé. Os que a assumem, vivem equilibrados; os outros são explorados por interesses sedutores. O rock e o metal, por exemplo, apresentam-se cada vez mais como avassaladoras galáxias de doutrinas metafísicas, com santuários, paramentos, liturgias e penitências. Os novos profetas organizam-se em bandas e a visita semanal à discoteca substitui para muitos a missa. O êxtase dos concertos imita as antigas apoteoses dionisíacas. (...)
Não vou entrar em grandes considerações sobre as «avassaladoras galáxias» ou «apoteoses dionisíacas», e vou poupar-vos ao meu amadorismo do Photoshop, sobretudo quando isso já foi feito num dos melhores blogues portugueses.
Mas é difícil não nos lembrarmos de uma das crónicas do Ricardo Araújo Pereira na Visão, em que ficámos a saber que João César das Neves dá tesão ao jovem humorista português.
Há, de facto, um certo tesão no Catolicismo. Por exemplo, só uma grande dose de fetichismo é que pode levar homens adultos a brincar às Ordens dos Cavaleiros Ordenados de Deus (ou qualquer coisa do género) em pleno séc. XXI.
E, historicamente, não esqueçamos que a Igreja Católica não veio só ocupar o vazio de poder deixado pela implosão do Império Romano. O Cristianismo também se apoderou da esfera moral e reclamou para si a exclusividade da devassidão orgíaca.
Ao condenar os comportamentos indecentes que terão levado ao declínio dos romanos, a Igreja passou a limitar esses mesmos comportamentos a um conjunto reservado de pessoas, de modo a preservar a integridade espiritual dos demais. Esse grupo de privilegiados com acesso exclusivo (e não sancionado) à luxúria, também era conhecido por Clero.
Mas não queremos ser fundamentalistas. Nem toda a gente acha que o Catolicismo é excitante. É o caso do Brian Eno, que escreveu em A Year With Swollen Appendices:
Woke at 4.30. Funny thing - in Ireland I rarely get an erection. It must be something to do with all that Catholicism in the air.
A mim a religião não me excita de sobremaneira. Às vezes faz-me confusão, às vezes faz-me rir, ou até me provoca alguma admiração. Hoje em dia também já não me irrita tanto, acho que passei a fase do «fervor beato dos ateísmos» (JCN a chamar beatos aos ateus - ouch!); e sobretudo aquelas discussões idiotas do género é-mais-difícil-portanto-tem-mais-valor-acreditar-em-Deus versus é-mais-complicado-aceitar-que-não-há-um-ente-superior-e-vale-mais-admitir-que-a-vida-é-só-isto. Porquê essa obsessão com a disputa de «a minha existência é bem mais complicada do que a tua»? Keep it simple, baby.
E isto tudo leva-nos ao Murder by Numbers, um original dos The Police, aqui numa grande versão que junta o Sting e o über-genious Frank Zappa. A tocar ali ao lado. Enjoy.
(...) A juventude naturalmente não pode existir sem uma fé. Os que a assumem, vivem equilibrados; os outros são explorados por interesses sedutores. O rock e o metal, por exemplo, apresentam-se cada vez mais como avassaladoras galáxias de doutrinas metafísicas, com santuários, paramentos, liturgias e penitências. Os novos profetas organizam-se em bandas e a visita semanal à discoteca substitui para muitos a missa. O êxtase dos concertos imita as antigas apoteoses dionisíacas. (...)
Não vou entrar em grandes considerações sobre as «avassaladoras galáxias» ou «apoteoses dionisíacas», e vou poupar-vos ao meu amadorismo do Photoshop, sobretudo quando isso já foi feito num dos melhores blogues portugueses.
Mas é difícil não nos lembrarmos de uma das crónicas do Ricardo Araújo Pereira na Visão, em que ficámos a saber que João César das Neves dá tesão ao jovem humorista português.
Há, de facto, um certo tesão no Catolicismo. Por exemplo, só uma grande dose de fetichismo é que pode levar homens adultos a brincar às Ordens dos Cavaleiros Ordenados de Deus (ou qualquer coisa do género) em pleno séc. XXI.
E, historicamente, não esqueçamos que a Igreja Católica não veio só ocupar o vazio de poder deixado pela implosão do Império Romano. O Cristianismo também se apoderou da esfera moral e reclamou para si a exclusividade da devassidão orgíaca.
Ao condenar os comportamentos indecentes que terão levado ao declínio dos romanos, a Igreja passou a limitar esses mesmos comportamentos a um conjunto reservado de pessoas, de modo a preservar a integridade espiritual dos demais. Esse grupo de privilegiados com acesso exclusivo (e não sancionado) à luxúria, também era conhecido por Clero.
Mas não queremos ser fundamentalistas. Nem toda a gente acha que o Catolicismo é excitante. É o caso do Brian Eno, que escreveu em A Year With Swollen Appendices:
Woke at 4.30. Funny thing - in Ireland I rarely get an erection. It must be something to do with all that Catholicism in the air.
A mim a religião não me excita de sobremaneira. Às vezes faz-me confusão, às vezes faz-me rir, ou até me provoca alguma admiração. Hoje em dia também já não me irrita tanto, acho que passei a fase do «fervor beato dos ateísmos» (JCN a chamar beatos aos ateus - ouch!); e sobretudo aquelas discussões idiotas do género é-mais-difícil-portanto-tem-mais-valor-acreditar-em-Deus versus é-mais-complicado-aceitar-que-não-há-um-ente-superior-e-vale-mais-admitir-que-a-vida-é-só-isto. Porquê essa obsessão com a disputa de «a minha existência é bem mais complicada do que a tua»? Keep it simple, baby.
E isto tudo leva-nos ao Murder by Numbers, um original dos The Police, aqui numa grande versão que junta o Sting e o über-genious Frank Zappa. A tocar ali ao lado. Enjoy.
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