sexta-feira, setembro 01, 2006

Eehhhh-yeahhhhhhh

Grandes momentos musicais, aqueles curtos e enormes segundos que aparecem no meio de grandes músicas. Ou no fim, não interessa.

Começamos com Marvin Gaye. Let's Get It On, já falamos aqui sobre Let's Get it On. É sublime, é a intensidade e a verdade do desejo sexual em canção, traduzido neste eehhhh-yeahhhhh. Porque o sexo pode ser sublime, aliás, o sexo deve ser sublime. Oiçam (não sei bem porquê, tem de se carregar duas vezes no play):



Logo a seguir ao verso I've been sanctified, palmas (clap clap) e - eehhhh-yeahhhhh.

Outra vez, agora só o eehhhh-yeahhhhh:



Mais sublime, intenso, santificado, torna-se difícil. Ok, há o êxtase de S. Teresa esculpido pelo Bernini. Só esse.




Adiante. Ella Abraça Jobim, álbum de 1981 onde Ella Fitzgerald canta - duh - Jobim. Ella Fitzgerald é, mais do que uma cantora, um génio musical. Nunca deixe ninguém dizer o contrário. Jobim é outro génio musical. Infelizmente o disco conta com um alinhamento de músicos em que, quase todos, são génios musicais. Infelizmente porque se torna díficil concentrar nas genialidades individuais, apreciar todas as harmonias da voz de Ella, a guitarra de Joe Pass, o baixo de Laboriel, a percussão de Paulinho da Costa, o Sax de Zoot Sims, a Harmónica de Thielemans, etc., etc. Difícil, mas não impossível.

Neste excerto, Joe Pass e Abraham Laboriel tomam conta da adaptação banal para o inglês de Ela é Carioca (no álbum - He's a Carioca) e mostram quem manda. Reparem na entrada subtil do solo de guitarra de Joe Pass a partir dos cinco segundos, por favor, reparem:






Branford Marsalis, durante a gravação de Shadows in the Rain, do álbum Dream of The Blue Turtles, o primeiro a solo do Sting, pergunta à banda o tom em que está a música. Branford Marsalis não precisa de saber o tom da música, porque Branford Marsalis é Branford Marsalis, tendo tocado com Miles Davis - 'nuff said. Nunca saberemos porque o fez, mas não deixa de ser engraçado. Grande opener de canção também: woke up in my clothes again this morning - who hasn't?




Falar sobre Sting sem falar sobre os The Police é a mesma coisa que falar de David Fonseca sem falar de Silence 4. As únicas grandes diferenças é que os primeiros eram músicos de uma qualidade excepcional e não se suportavam; os segundos, infelizmente, não tinham nenhuma destas características, imagine-se a felicidade de ver o David Fonseca ao tabefe com aquela miúda que trabalhava na fábrica de salsichas.

A animosidade entre os elementos dos The Police (sobretudo entre Sting e o baterista Stewart Copeland) era tão estimulante que até originava momentos deste calibre em pleno concerto:



Sting - I feel so... I feel so... I feel so lonely!
Stewart C. - I'm not surprised!
Sting - ah... ah... ah... ah...




E aqui, Paolo Conte num momento de deliciosa demência verbal:



E aqui, Damien Rice num momento de delicioso ressabianço amoroso:






Para terminar, uma das melhores canção de sempre. One. One. One. One. Versão ao vivo, com a orquestra do Pavarotti & Friends. Os versos finais que só são cantandos pelo Bono em concerto, não estão na versão de estúdio, desta vez acompanhados por uma full-blown orchestra. Assim:



Às vezes oiço o primeiro verso como Do you hear me coming, Lord, outras como Do you hear me coming, Love; não sei qual é que prefiro, acho que depende do momento.

Do you hear me call? Hear me knocking, knocking at your door. Do you hear me coming lord, hear me call, feel me scratching, will you make me crawl?

Uma oração, uma súplica, um aviso? Acho que é tudo.

Boa noite.
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