terça-feira, outubro 03, 2006

Post Idiota

Fascinam-me os vocábulos pejorativos. As nuances dos insultos são das mais belas zonas cinzentas que a natureza alguma vez conseguirá produzir. Não é muito díficil distinguir um estúpido de um parvo, mas é complicado explicar por exactas palavras o que quer dizer cada um deles. São casos em que é o sujeito que faz o adjectivo.

Depois de uma breve infatuação com a imbecilidade, aqui há uns tempos andei deslumbrado pela cretinice. Não existem assim tantos cretinos como pode parecer há primeira vista, portanto sempre que encontrava algum tornava-se imperativo apreciar a sua cretinice, como se de um privilégio raro e reservado se tratasse. Um bom cretino, um cretino refinado, era de um prazer imenso. Exclusivo, até, porque nem todos apreciam um bom cretino.

No entanto, ao longo destes últimos meses, tenho percebido que não há nada como o idiota. Nunca liguei muito aos idiotas, sempre me pareceram uma praga altamente disseminada mas pouco interessante. Estão por todo o lado, em várias texturas, formatos, géneros e penteados. O que os torna especiais é a sua incontornabilidade diária.

Os idiotas podem ser banais, é verdade, mas também podem atingir picos de idiotice que os elevam ao topo do panteão. Se os cretinos são como o espumante, os idiotas são como o vinho tinto: podem ir do intragável ao extraordinário. E é notório que o caminho de qualquer pessoa de bem depende da constatação e verificação da idiotice dos demais, sendo que este não é um raciocínio ao alcance de um idiota qualquer.
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