A Grande Fossa
Não é nervoso, não é emoção ou qualquer tipo de paixão, é apenas uma tensão.
E assim se desvanece a magia no ar. A mesma magia no ar a que Bruce Springsteen, the Boss, se referia em Thunder Road, no ano de 1975. Aquela magia que nos faz acreditar, contra todas as expectativas, em algo de diferente - one last chance to make it real.
A 'Fossa' é um mergulho num terreno pantanoso de emoções que, não raras as vezes, evoca a náusea. Como Stan, o miúdo de oito anos do South Park que, sempre que vê Wendy, vomita de forma descontrolada. A quinze dias dos 28 anos já não vomitamos de forma descontrolada, mas continuamos a ter o direito de ficar nervosos. Ou tensos.
A 'Fossa' é o quebrar de todas as falsas certezas por uma lembrança que não queremos. A 'Grande Fossa' é a maior deslembrança, aquela que se apodera dos nossos pensamentos e nos manieta qualquer tipo de raciocínio.
Um lírico criará sempre um sofrimento à medida das suas necessidades e procurará sempre a magia em todos os lugares errados. Está na sua natureza. Mas o prolongamento no vácuo será sempre um exercício vão, porque nada se expande nesse lugar. E o lírico terá de aceitar que chega uma altura em que mais do que perdoar o outro, ou a outra, terá de se perdoar a si mesmo.
É necessário devolver as coisas ao seu lugar certo, aceitar o não-sentimento e toda a impossibilidade reduzida daquilo que é possível. Ao lírico restar-lhe-á aceitar todo esse fracasso, perder todos os não lugares daquela que é a sua não-História. E sair da Fossa.
Ao ensinares-me que tentar definir a grandeza ou as ramificações de tudo o que se passou é apenas um exercício vão, apresentas-te com a tangibilidade do que nunca foste e do que é alcançável - mesmo quando não passaste de uma imagem irreal. Mas é aí que te superas, quando te realizando és mais do que toda a pequenez de mentiras e promessas quebradas, quando vales por tudo o que foste e não foste, e é aí que te devolvo toda a tua grandeza e todo o amor e lealdade que sempre mereceste perante todos, perante todas. É aí que nos libertamos.
E resta-nos; resta-me, o nada. Resta a solidão. Resta a única e derradeira certeza, a certeza de que se está sozinho. Sozinho no amor, sozinho na vida e na razão que se escolhe para o sentido desta. E abraçar a solidão é sempre o acto mais difícil para aquele que está só.
A tocar: Cry on demand, Ryan Adams - porque sim.
E assim se desvanece a magia no ar. A mesma magia no ar a que Bruce Springsteen, the Boss, se referia em Thunder Road, no ano de 1975. Aquela magia que nos faz acreditar, contra todas as expectativas, em algo de diferente - one last chance to make it real.
A 'Fossa' é um mergulho num terreno pantanoso de emoções que, não raras as vezes, evoca a náusea. Como Stan, o miúdo de oito anos do South Park que, sempre que vê Wendy, vomita de forma descontrolada. A quinze dias dos 28 anos já não vomitamos de forma descontrolada, mas continuamos a ter o direito de ficar nervosos. Ou tensos.
A 'Fossa' é o quebrar de todas as falsas certezas por uma lembrança que não queremos. A 'Grande Fossa' é a maior deslembrança, aquela que se apodera dos nossos pensamentos e nos manieta qualquer tipo de raciocínio.
Um lírico criará sempre um sofrimento à medida das suas necessidades e procurará sempre a magia em todos os lugares errados. Está na sua natureza. Mas o prolongamento no vácuo será sempre um exercício vão, porque nada se expande nesse lugar. E o lírico terá de aceitar que chega uma altura em que mais do que perdoar o outro, ou a outra, terá de se perdoar a si mesmo.
É necessário devolver as coisas ao seu lugar certo, aceitar o não-sentimento e toda a impossibilidade reduzida daquilo que é possível. Ao lírico restar-lhe-á aceitar todo esse fracasso, perder todos os não lugares daquela que é a sua não-História. E sair da Fossa.
Ao ensinares-me que tentar definir a grandeza ou as ramificações de tudo o que se passou é apenas um exercício vão, apresentas-te com a tangibilidade do que nunca foste e do que é alcançável - mesmo quando não passaste de uma imagem irreal. Mas é aí que te superas, quando te realizando és mais do que toda a pequenez de mentiras e promessas quebradas, quando vales por tudo o que foste e não foste, e é aí que te devolvo toda a tua grandeza e todo o amor e lealdade que sempre mereceste perante todos, perante todas. É aí que nos libertamos.
E resta-nos; resta-me, o nada. Resta a solidão. Resta a única e derradeira certeza, a certeza de que se está sozinho. Sozinho no amor, sozinho na vida e na razão que se escolhe para o sentido desta. E abraçar a solidão é sempre o acto mais difícil para aquele que está só.
A tocar: Cry on demand, Ryan Adams - porque sim.
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