sexta-feira, julho 27, 2007

Regras de etiqueta para o homem moderno #5 - Casamentos

Mais cedo ou mais tarde, qualquer homem moderno será convidado para um casamento. Mesmo que não tenha amigos.

A ida a um casamento é uma redundante inevitabilidade difícil de contornar e que exige a observação e o cumprimento de uma série de regras que porão à prova as capacidades sociais, culturais e o próprio código de conduta de um cavalheiro. Vejamos:


O Fato

Casamentos de gente de bem requerem que se vista um fato. Antes de mais, esclareçamos que nenhum homem pode odiar usar fato. Faz parte da condição masculina. Mulheres odeiam usar fato por bons motivos - porque ficam feias. Logo, um homem que odeie usar fato é na verdade uma mulher.

Há vários tipos de fatos. Há fatos cruzados, fatos de três peças, fatos com dois, três, quatro, botões, com risca, sem risca. Mas o segredo do bom fato é o homem. O homem tem de saber usar o fato (e, convenhamos, fatos de quatro botões são tão aborrecidos como blogues de política e devem ser evitados).


Regras essenciais a levar em conta durante todo o casamento e uso do fato: o casaco não sai do torso, a camisa não sai de dentro das calças, os sapatos não saem dos pés e a gravata não sai da camisa (muito menos para a cabeça, apostas serão feitas para ver quem será o primeiro idiota a colocar a gravata na cabeça). Outras coisas poderão sair de outras, já que casamentos são acontecimentos dados a expressões de amor; confira só as regras de conduta locais, sobretudo na parte da igreja.

Muito importante: nunca aperte o último botão do fato. Fazê-lo é considerado uma ofensa gravíssima e o pai da noiva quando passar por si cuspirá na sua sopa e irá acusá-lo de trazer desonra e infâmia a toda a família. Em casos mais extremos, o pai da noiva poderá ter uma trombose e passar o resto do jantar com um pequeno quadro de giz ao pescoço, enquanto o almadiçoa baixinho de punho tremido e olho cerrado (à semelhança do Anthony Hopkins naquele filme em que o Brad Pitt derrota os alemães na I Guerra Mundial com apenas um machado).


A Igreja

Exceptuando casamentos entre comunistas, a maior parte das pessoas de bem é casada por um padre numa igreja. Igrejas são locais abençoados espiritualmente e dedicados ao culto religioso que qualquer homem moderno deve respeitar e evitar. Assim, existem regras importantes que devem ser observadas. Sente-se o mais recuado possível, é mais fácil sair a meio para fumar um cigarro ou fazer telefonemas (os noivos nunca o verão a entrar ou sair porque estão de costas para toda a gente).

Durante os rituais, e mesmo que não perceba porquê, levante-se e sente-se com o resto das pessoas. Não ria quando o coro cantar uma versão religiosa de uma música dos Beach Boys. Há-de chegar uma altura em que o padre dirá "cumprimentem-se na paz de Deus"; não se assuste, mantenha-se perfeitamente imóvel e apenas estenda a mão a toda a gente (homens ou mulheres) que se aproximar. Rapidamente se afastarão tão rápido como apareceram.

No final da cerimónia junte-se ao resto dos convidados na espera pelos noivos à porta da Igreja, altura em que poderá jogar o divertido jogo: "como cegar a noiva com arroz agulha".



O copo-d'água

Muitas pessoas ficarão enervadas com a ideia de se sentar à mesa com um grupo de potenciais desconhecidos e em estricta observância das chamadas regras de etiqueta da mesa de jantar. O primeiro desafio à mesa de jantar surge com o pão.

O prato do pão de cada pessoa está colocado do seu lado esquerdo. Rapidamente, o homem moderno, cuja intuição é superior à dos seres humanos normais, identificará os companheiros de mesa que desconhecem esta regra e fará sinal para que tirem o pão do respectivo lado direito. O resultado será uma tremenda zaragata e berraria, cujo único propósito será divertir o homem moderno e gerar uma situação interessante na mesa.

Ainda que este guia seja dirigido para pessoas sofisticadas e de extrema elegância intelectual e social, o homem moderno poderá ser alvo do chamado fenómeno de isolamento à mesa de jantar. Isto acontece com frequência quando se é um homem moderno (logo, solteiro) e se está na companhia de recém-casados (logo, idiotas). A figura em baixo ilustra, de forma brilhante, este fenómeno:



Na realidade, os casais não têm a culpa de não ter vidas interessantes e que você não possa acompanhar temáticas estimulantes como temperatura e dentes de leite. Lembre-se que eles são limitados e sorria sempre muito.

Faça um esforço para se tentar integrar e coloque perguntas pertinentes como: "se um bebé consegue sair pela vagina de uma mulher, será que ele entrará outra vez se empurrarmos com jeitinho?".

Não se esqueça que os talheres são usados em correspondência à ordem dos pratos, de fora para dentro. Se vir alguém a quebrar a ordem, denuncie a situação levantando-se e expondo o infractor perante todos os convidados. Se alguém questionar a sua rectidão e bom senso, espete um garfo na mão da pessoa mais próxima e diga: «é isto que acontece quando se perde o respeito pelas regras da sociedade!».


A Dança

A pista de dança é aberta com a tradicional valsa. A tradição da valsa em casamentos é mais recente do que se pensa. Começou em 1971, pouco tempo depois de Hermínio Lopes ter partido uma rótula enquanto dançava o twist com a noiva, sua filha. A partir daí a valsa tem sido considerada a dança mais segura para abrir a pista de dança.

Durante a primeira meia-hora evite a pista de dança. Isto porque alguém pisará o véu da noiva e ficará para sempre conhecido como o idiota desastrado que rasgou o vestido da noiva. Se for uma mulher será a cabra invejosa que rasgou o vestido da noiva.

Por fim

Nunca se esqueça que um casamento é uma celebração do amor. Um amor especial de duas pessoas pelo dinheiro fácil que fazem: o responsável pela comida e o proprietário do espaço.

Ainda assim, entre uma série de casamentos meramente decorativos, haverá um em que irá perceber estar perante duas pessoas que decidiram assinalar, não o dia mais importante das suas vidas, mas aquela que é a pessoa mais importante das suas vidas. Mais do que a celebração de um compromisso, porque um compromisso não se celebra, assume-se, há uma celebração de todos os motivos de haver uma pessoa que escolhemos entre milhões para amar até à eternidade. Escolhe-se casar com alguém porque se escolheu não casar com mais ninguém, e aí torna-se imperativo dizer a essa pessoa, perante todo o mundo, que ela é única e absoluta.

Um momento de realização destes poderá até abalar as emoções de um homem moderno. Se isto acontecer, desvie a sua mente do assunto e concentre-se nas mulheres solteiras que valham a pena levar para casa. Aposte naquelas que se descalçam na pista de dança, mas nunca na primeira a fazê-lo. Essa é para o idiota que anda com a gravata na cabeça.

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