Intimidades, intimismos e inibicionismos
Ainda outro dia um amigo meu me falava sobre um Chef, de um restaurante portuense, que quando não está satisfeito com a qualidade dos pratos, os atira contra a parede. “Deve ser para ver se pega”, respondi. A minha namorada disse-me logo para não ser parvo.
A verdade é que talvez não tenha sido um amigo meu a dizer-me isso, pode ter sido uma amiga, ou ainda um mamífero não especificado. E em vez do Porto, é possível que o restaurante se situe em Madrid, ou Lisboa, ou em Varsóvia.
Talvez não falássemos sequer sobre um Chef, podia ser sobre um empregado de escritório que, em vez de comida, goste de arremessar o agrafador contra a parede. A ver se pega. Talvez não tenha namorada, ou tenha e goste imenso dela, já que, na verdade ela ri-se das minhas piadas, o que faz dela a melhor namorada do mundo, mesmo que seja imaginária.
Não se deve escrever abertamente sobre pessoas que se conhece no blogue. Há coisas que o mundo não deve saber, a intimidade é uma delas. A intimidade dos outros acaba no ponto em que sabemos que toda as mulheres usam protecção menstrual, mas apenas alguns homens usarão papel higiénico. Há que estabelecer limites.
O argumento da cronologia elíptica também não pega. É que se foi algo que aconteceu há dois anos atrás, por que nos lembramos disso agora? Por que falar disso, daquela, daquilo? É porque estávamos a pensar nisso, sem dúvida. Se eu me lembrar da equipa do Milan que deu 4-0 ao Barcelona na final da Liga dos Campeões de 1994, também não restarão dúvidas que os gostaria de fazer a todos, mas com limite de inscrição de estrangeiros, como havia na altura.
E, já agora, será que quando Pedro Mexia escreve coisas como “C. vestia hoje um vestido arrivista que me deprimiu pela redenção do decote”, haverá alguém que lhe pergunte se é uma referência a Carlos, o contabilista da Cinemateca?
A verdade é que talvez não tenha sido um amigo meu a dizer-me isso, pode ter sido uma amiga, ou ainda um mamífero não especificado. E em vez do Porto, é possível que o restaurante se situe em Madrid, ou Lisboa, ou em Varsóvia.
Talvez não falássemos sequer sobre um Chef, podia ser sobre um empregado de escritório que, em vez de comida, goste de arremessar o agrafador contra a parede. A ver se pega. Talvez não tenha namorada, ou tenha e goste imenso dela, já que, na verdade ela ri-se das minhas piadas, o que faz dela a melhor namorada do mundo, mesmo que seja imaginária.
Não se deve escrever abertamente sobre pessoas que se conhece no blogue. Há coisas que o mundo não deve saber, a intimidade é uma delas. A intimidade dos outros acaba no ponto em que sabemos que toda as mulheres usam protecção menstrual, mas apenas alguns homens usarão papel higiénico. Há que estabelecer limites.
O argumento da cronologia elíptica também não pega. É que se foi algo que aconteceu há dois anos atrás, por que nos lembramos disso agora? Por que falar disso, daquela, daquilo? É porque estávamos a pensar nisso, sem dúvida. Se eu me lembrar da equipa do Milan que deu 4-0 ao Barcelona na final da Liga dos Campeões de 1994, também não restarão dúvidas que os gostaria de fazer a todos, mas com limite de inscrição de estrangeiros, como havia na altura.
E, já agora, será que quando Pedro Mexia escreve coisas como “C. vestia hoje um vestido arrivista que me deprimiu pela redenção do decote”, haverá alguém que lhe pergunte se é uma referência a Carlos, o contabilista da Cinemateca?
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