quarta-feira, outubro 22, 2008

Post sobre a revista Audácia em que acabo com qualquer esperança e vontade de que alguém continue a ler este blogue

Quando tinha 10 anos achava que era a única pessoa no mundo que lia a Audácia - a revista dos Missionários Combonianos. A assinatura da Audácia tinha sido presente de uma tia afastada, que só via no Natal e que era conhecida por dar presentes reciclados a toda a família. Uma vez deu uma caixa de chocolates à minha avó, onde faltavam três chocolates (em dezasseis). As pessoas que tinham sorte recebiam colecções de música clássica do Ediclube, onde se tudo corresse bem faltava só um Brahms ou assim.

Eu recebi uma assinatura anual da revista Audácia, que ainda renovei por um ano. A revista Audácia, e uma professora de Religião e Moral que me quis baptizar sem sucesso e que as pessoas diziam que usava peruca, fazem parte dos momentos em que cheguei mais próximo da religião. Os outros momentos envolvem nudez e sentimentos de culpa, felizmente de outras pessoas.

Por estranho que me possa parecer, nunca vi qualquer potencial humorístico na revista Audácia. Gostava da revista Audácia. Gostava de receber a revista Audácia pelo correio, ler as bandas desenhadas, fazer os passatempos e passar à frente dos textos e das fotografias a preto e branco que retratavam o trabalho dos Missionários Combonianos. Acho que só me explicaram o que era um missionário passados 14 meses de ler a revista Audácia. E é verdade que estranhava nunca ver referências a comboios na revista Audácia.

Esta foi uma piada fácil. Mas verdadeira.

Penso que uma das razões para me terem explicado o que eram os Missionários Combonianos foi o facto de ter ido ter com o meu pai e pedir-lhe para comprar umas rifas que tinham chegado com a revista. O meu pai chegou a enviar um cheque de quinhentos escudos para os Missionários Combonianos.

Ainda estou para determinar a importância da revista Audácia na formação do que é hoje a minha pessoa e propensão ociosa. Sei que não era a única pessoa no mundo a ler a revista Audácia e aceito-o, mas custa-me escrever frases só com uma vírgula da mesma forma que me apoquenta ter de ir conferir aos blogues maus que costumo ler para ver se estou a escrever tão mal como os autores dos mesmos.

Irrita-me dormir frequentemente menos de seis horas por noite. E, sobretudo, indigna-me não ter tempo para reflectir se me indignam mais pessoas que gostam de dizer banalidades sobre lugares comuns ou pessoas que gostam de ouvir banalidades sobre lugares comuns. É que os lugares comuns são das coisas mais importantes que temos nesta vida. Assim como o meu pai, que deu 500 escudos aos Missionários Combonianos, é uma das melhores pessoas que conheço.

Eu, ainda tenho muito que fazer.


O fim.

terça-feira, outubro 07, 2008

I'm not crying, it's just been raining on my face

Hoje poderia ser um bom dia para falar dos dois momentos de ligação a um objecto artístico, mesmo sem nunca ter lido nada do T.S. Elliot.

O primeiro, visceral; e um segundo, cerebral.

Gostar de algo é, numa certa dimensão, estabelecer uma relação. Neste sentido, o primeiro momento é aquele que constrói a ligação, e que a fundamenta. O primeiro não necessita do segundo, numa perspectiva de fruição. Já o segundo, necessita do primeiro. O momento cerebral prende-se mais com análises de contexto, mecânica, técnica, comparação e, imagino, outras coisas. Não sei se o T.S. Elliot terá falado sobre isto.

Claro que é possível ter o segundo sem o primeiro, mas extremamente aborrecido. Aborrecido como pessoas que gostam de música atonal, ou de Teatro.


Três compassos, às vezes quatro, são normalmente tudo o que basta para surgir aquela sensação especial de descobrir uma música nova. O próprio verbo, descobrir, implica uma acção, uma aventura que muitas vezes não implica mais do que andar a passear pelo Hype Machine. Não sei se o D.A.N.C.E. é uma canção melhor ou pior do que o Lump Sum do Bon Iver, mas sei que não tem metade da dimensão de um Lump Sum.

Já a sensação de descobri isto que se segue, não sei o que vos diga, são demasiadas relações e fundamentações dimensionadas para conseguir manter um discurso denso ao nível das ciências sociais:

sexta-feira, outubro 03, 2008

Na SIC Notícias

Parece-me que acabou de passar uma peça introdutória sobre a Sarah Palin onde a Tina Fey aparece como Sarah Palin e não dizia em lado nenhum que a Tina Fey não é a Sarah Palin. Estou um pouco confuso, mas acho que a SIC Notícias pensa que a Tina Fey é a Sarah Palin e isto num momento em que fala sobre as gaffes da Sarah Palin.

Isto depois do Nuno Rogeiro ter dito que este debate é "uma prova oral para a Sarah Palin, e digo-o sem nenhum segundo sentido". Que é parecido com dizer que: "este debate é uma prova de força para Joe Biden, e digo isto sem querer implicar que como bom homem tem o dever de dar uns belos tabefes na tontinha do Alasca".

quinta-feira, outubro 02, 2008

Era suposto ter escrito qualquer coisa hoje

Mas tenho tantas indignações, tantas angústias, tantas ansiedades e algumas perversidades, acumuladas dentro de mim, que nem sei por onde começar.

Gostaria de notar, no entanto, que estou perto de chegar a uma conclusão sobre o rácio ideal de bloguistas em locais festivos. Ao longo dos últimos quatro anos sempre que vou a uma festa, concerto, ou estabelecimento de diversão nocturna devidamente enquadrado e homologado pelo regime jurídico em vigor, tento sempre calcular o número presente de pessoas com blogues por oposição a pessoas normais. Penso que para o bem-estar de todos deveríamos andar à volta de 2:6 ou 3:7.

Depois posso explicar. Vou ver o debate, espero que ganhe a Tina Fey.

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