quarta-feira, agosto 31, 2005

De repente, não mais que de repente

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sexta-feira, agosto 19, 2005

Mourinho on life: a user's manual

«For me the most important thing in my life...is love,» the Chelsea manager said. «I think you have to be in love with your family, with your job, with the people who work for you.»

«If you are not in love with your wife you have to divorce. If you are not in love with your kids you are not a human being so you have to kill yourself, if you are not in love with your job you must change your job.»
[The Times, sem link disponível]

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quinta-feira, agosto 18, 2005

É uma questão de fé?

Lembro-me de um professor de inglês da Universidade, me ter dito um dia que havia qualquer coisa de especial (acho que a palavra foi unique) na ligação entre os fãs dos U2 com a banda irlandesa, um sentimento que não se encontrava em muitos grupos musicais. Isto não para discutir se as pessoas sentem, vibram, deliram mais com os U2 do que com outras bandas – não é bem isso – mas existe mesmo qualquer coisa que separa os U2 das outras bandas da actualidade. Qualquer coisa que leva mesmo pessoas racionais - a par com qualquer labrego - a realizar que mesmo que o Bono seja mesmo um egomaníaco com pretensões messiânicas, é uma banda que inspira, que agarra, com uma música em que habita uma mensagem lírica e musical que é ao mesmo tempo simples e, a espaços, ambiguamente complexa, mesmo que por vezes possa resvalar para o pretensioso.

Há qualquer coisa de vagamente religioso que envolve os U2, e não me refiro ao catolicismo praticante made in Bono. É uma banda que move multidões, de fãs ou críticos, inspira amores, ódios, mesmo fora da esfera musical; para dizer bem ou mal, toda a gente quer ter uma opinião sobre os U2.

Os concertos ao vivo são a prova dos nove de muitas bandas, até fatais em alguns casos. Alguns artistas apostam no show-off musical, com excelentes resultados (no caso da Dave Matthews Band, por exemplo), outros vão por espectacularidades que não vão muito além de coreografias de encher o olho, e alguns seguem o raciocínio do «eles gostaram tanto do álbum que vieram ouvir o disco tal e qual está gravado».

Os U2 vão directos ao lado mais emocional de qualquer fã de música. E isto é tão verdadeiro como eu ter quase escrito que os U2 iam «directos ao coração». Esse é o verdadeiro trunfo do Bono, sobretudo ele, em palco: a capacidade de ligar emocionalmente com uma audiência de cinquenta mil pessoas, durante duas horas seguidas. Seja a gritar pela coexistência, a fazer uma homenagem ao Christopher Nolan, ou a citar versos da Bíblia antes de uma canção. E isto para um irlandês de meio metro, com um ar de quem acabou de acordar na Praia da Rocha depois de uma noite na Katedral, é louvável.

E depois há a música. Mesmo que não tenha muito tempo para vos dizer porque é que o Achtung Baby é o melhor álbum pop/rock de todos os tempos, ou descrever detalhadamente o prazer que foi ouvir pela primeira vez o Zoo Station ao vivo, ter ficado surpreendido pelo facto do With or Without You não ter dado hipóteses ao One desta vez, ou mesmo o arrepio que foi ter gritado o “no more” do Sunday Bloody Sunday, num nível de identificação diferente de outros concertos.
Pena que o Please não tenha passado de um «snippet» no final do Bullet the Blue Sky (que como o One já conheceu melhores desempenhos ao vivo), e que o Original of The Species e Crumbs From Your Table (bem mais interessantes do que All Because of You e Love and Peace or Else), tenham ficado de fora. Mas só a rendição operática do Bono no Miss Sarajevo compensa isso tudo, isto algumas canções depois de o Bono ter cantado aquele verso tocante que diz ao «you're the reason I sing / You're the reason why the opera is in me», dedicado ao pai falecido - um cantor amador de ópera.

Mesmo sem o exagero de outros tempos, ou mesmo o «compromisso», e mesmo que estes novos tempos tenham revelado facetas menos interessantes da banda ou, simplesmente, outras coisas mais interessantes para se ouvir; os U2 continuam a ser uma das minhas bandas. Não sei o que sente um crente durante uma missa, mas correndo o risco de aborrecer gente muito aborrecida, para mim um concerto dos U2 é algo que se aproxima muito de uma experiência (vagamente) religiosa, onde nem é difícil perdoar os disparates ocasionais do «padre».

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Ps - Sobre todo o episódio da condecoração, é favor ler esta descrição - very good.

domingo, agosto 14, 2005

Mesmo que seja sem limões e trabants...

1997, U2 em Alvalade. Tocaram o Desire pela primeira vez na digressão Popmart. Sairam do limão, claro, Sugar Sugar com o Edge no Karaoke. One, corações e pessoas do Keith Harring, Wake Up Dead Man, no fim do concerto.

2001, U2 em Turim. Fizeram um encore não previsto. O Larry Mullen já tinha tirado a camisa, o Bono teve de ir a correr chamá-lo. Voltaram ao palco e tocaram o Out of Control. Depois do Pride, depois do Walk On e do One. E isto quando já tinham tocado a versão do With or Without You da era Rattle and Hum, aquela que tem os versos perdidos da música no fim: We'll shine like stars in the summer night / we'll shine like stars in the winter night / one heart, one love / one love... Percebem? Talvez não, mas é por isso que não vão estar em...

2005, U2, noutro Alvalade; faltam menos de 24 horas.

The last of the rock stars / when Hip Hop drove the big cars

terça-feira, agosto 09, 2005

Sugestões de Verão

Se por um lado a al-Qaeda dá mostras de uma capacidade de adaptação assustadora ao mundo tecnológico, por outro não se percebem os cenários sempre iguais dos vídeos de propaganda; aqueles que passam na al-Jazeera e que têm como protagonistas os líderes cavernosos da organização. A imagem da metralhadora encostada à parede está completamente out, o que só revela que os consultores de imagem da al-Qaeda não valem os camelos que lhes pagam.

Deixo a minha sugestão, muito mais assustadora e eficaz, como poderão comprovar na imagem de baixo.

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Cabeça ensaguentada de Mickey com Adaga incrustada em pedras preciosas - 500 camelos; Vaso florido Abtägkt Ikea - 100 camelos; Poster emoldurado Hervé Villechaize (edição rara) - 1 000 000 camelos.

segunda-feira, agosto 08, 2005

How I Learned to Stop Worrying About the Bombs and Engaged My Anus*

*Interrompendo a ordem normal de trabalhos narcísicos e umbiguistas neste blog, abre-se o espaço seguinte a um «artista convidado». Quando ouvi pela primeira vez a expressão engage the anus não resisti a pedir à Catarina que escrevesse um texto sobre o assunto. Ainda tentei convencê-la a criar um blog - Blog The Anus poderia ser um título interessante -, mas a Catarina respondeu que blogs eram «veículos de pessoas neuróticas com aspirações a reconhecimento social ou literário», e deu-me uma pancadinha na cabeça com a bengala de um colega nosso. Deixou-me, felizmente, pôr aqui o texto. Enjoy.

Qual é a relação entre o Ioga e a Guerra das Estrelas? Nenhuma, deveria ser a resposta correcta e sensata a esta pergunta. Mas a verdade é que descobri, após observação intensa, que existe uma ligação profunda entre esta prática milenar e os filmes de culto de George Lucas, particulamente a «religião Jedi».

O Ioga surgiu ligado ao Hinduísmo, no subcontinente indiano há 5000 anos. É uma forma de misticismo, uma filosofia, uma disciplina, que incorpora exercícios físicos, reflexologia, meditação e respiração.

Nos anos 60, o Ioga tornou-se moda na Europa e Estados Unidos, graças ao interesse psicadélico do movimento Hippie, e depois New Age, por tudo o que era oriental, exótico e místico.

Hoje, existem milhares de cursos e aulas dos vários ramos do Ioga. Em Londres, passei os últimos dez anos em busca da «aula perfeita», aquela que nos deixa purificados, relaxados, centrados e em unidade completa com o universo.

Ou seja, atingir o estado do nirvana, sentir que queremos abraçar árvores, sorrir beatificamente perante adversidades e despir-nos de qualquer vestígio de ego.

Não admira que não tenha encontrado este El Dorado do Ioga. Em vez disso vi-me numa série de situações que quero aqui relatar.

A minha experiência de deambulante aprendiz ensinou-me que existem três tipos de aulas: as convencionais, as normais e as sobrenaturais. A prática convencional ocorre no ambiente sanitizado e americanizado dos ginásios. Aqui não se registam encontros do terceiro grau com adeptos da «ideologia Jedi». Faz-se Ioga, como se podia fazer aeróbica a la Jane Fonda, nos anos 80.

Depois existem as aulas normais que decorrem em centros especialmente criados para a prática do Ioga. São classes competitivas por excelência e os praticantes envergam «roupas de Ioga», roupagens é mais a palavra indicada para esta indumentária: calças de linho largas e camisolas com símbolos hindus e budistas. As pessoas trazem os seus próprios colchões de espuma, que transportam em malas especiais. Estes centros piscam o olho à Índia, com uma decoração que prima pelas referências pictóricas a flores de lótus, plantas de bambu em vasos e uma brancura e simplicidade minimalistas. Aqui costuma aparecer «o homem de serviço» (HDS) - ou único homem da aula, uma espécie que que me deixa sempre um pouco perplexa.

Não digo isto por mal. É que normalmente o HDS parece frequentar as aulas de Ioga, não para aumentar a sua flexibilidade e o bem-estar físico e mental, mas com o objectivo de ver mulheres em determinadas posições sugestivas (de pernas abertas, de pernas para o ar, com o rabo espetado, etc.) e eventualmente até convidá-las para um sumo de cenoura ou um pastel de seitan macrobiótico.

É nas aulas sobrenaturais que entramos na esfera «Guerra das estrelas». Já fiz Ioga em escolas (infantilizante...), igrejas (gelado no Inverno...) quartel dos bombeiros (surreal...) e em casas de pessoas. Os instrutores têm nomes compostos apenas por uma sílaba. Zan, Pi, Xen, e convertem um espaço na sua própria casa à prática do Ioga, enchendo-o de velas, música com sons da floresta amazónica ou o cantar dos grilos. É tudo mais descontraído e transcendente. É neste contexto que a «religião Jedi» é difundida. Ramos do Ioga, como "Hatha" insistem em exercícios respiratórios, alguns dos quais simulam o processo de inspiração e expiração de Darth Vader. Trata-se de um som profundo e gutural que se situa entre os suspiros de Marge Simpson e a respiração ofegante de homens perversos em chamadas anóninas mal intencionadas.

Ou seja, quando não estamos a praticar a respiração Darth Vader, instrutores New Age, que falam na criança dentro de nós e em termos de terapia ou psicologia de auto-ajuda barata começam a indoutrinar-nos na "Força".

«Sinto um distúrbio... na espinha», dizia uma professora de Ioga australiana. «Sintam a força, aceitem a força...está nos joelhos». «Posição do sapo, Bhekasana: engage the anus («activem o ânus»). Olhei em volta, mas ninguém tinha achado inapropriada, ou até pornográfica, a referência ao ânus. O resto das pessoas na aula continuava concentrada na tarefa de levantar o traseiro de maneira imperturbável e activa.

O tipo de instrutores que ensina Jedi, fala do Ioga como se o próximo passo após as posturas invertidas, ou a posição do corvo ou da cobra, fosse a levitação de naves espaciais como aconteceu no treino de Luke Skywalker, pelo vetusto Yoda. É tudo uma questão de disciplina, auto-controle, domínio da força, do bom lado da força, claro.

Esta obssessão com a religião Jedi não é de estranhar no Reino Unido, onde no último recenseamento às crenças religiosas da população, uma percentagem de 0,7 % dos inquiridos revelou seguir o «jedismo».

Será isto um acto de irreverência contra a religião oficial? Duvido, porque a Igreja de Inglaterra perde fiéis como eu perco guarda-chuvas. As igrejas estão virtualmente «às moscas», dado que os que procuram conforto espiritual têm à sua escolha opções muito mais entusiasmantes como o paganismo-druidismo, a cientologia, o budismo reformado dos Soka Gakkai e o sempre fascinante satanismo.

A verdade é que a fé Jedi atrai inúmeros adeptos por ser eclética e incorporar elementos de várias crenças. A luta maniqueísta entre o Bem e o Mal, a luz e as trevas soa à dicotomia entre Deus e Diabo no cristianismo. Existem alusões ao caminho interior, e à disciplina mental do budismo - let it go, Luke

E também há fortes paralelos com o hinduismo. Académicos e estudiosos da «Guerra das Estrelas», que dão aulas em universidades britânicas e americanas, explicam que Lucas foi influenciado acima de tudo pela mitologia indiana. O Ramayana, uma epopeia que originou vários mitos e tradições hindus relata a história de uma princesa, Sita, raptada por um guerreiro maléfico e sedento de poder, Ravana. O apaixonado da princesa, o herói Rama, lança-se então à tarefa hérculea de a salvar acompanhado de estranhas criaturas parte homens, parte animais. Se isto soa familiar, juntamente com a meditação e a busca da paz interior, talvez seja porque na verdade Ioga e Yoda são parte da mesma «Força».

Catarina F.


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«Hmmrpfff, engage the anus you must, my young Padawan, and then feel the Force inside your buttocks you will».

quinta-feira, agosto 04, 2005

O que é que quer dizer com isso?

«Em Nova Iorque, um dos critérios para revistar passageiros nos transportes públicos, para além de sacos grandes ou casacos pesados no Verão, é ser "jovem muçulmano" ou "parecer do Médio Oriente". Há quem alegue que, de acordo com as estatísticas, se esse critério não for incluído, as buscas de nada valerão. Contudo, estas buscas são tão agressivas dos direitos de todos quanto infrutíferas. Os imigrantes ilegais, quando vêem polícia na entrada do metro, optam pela entrada seguinte, receando que lhes sejam pedidos documentos.» (DN, ler artigo completo)

O que é que a Joana Amaral Dias pretende exactamente, que não se reviste ninguém, ou que se reviste toda a gente? Quais são exactamente os direitos que são agredidos: o direito de andar com uma mala fechada na rua? Ou o direito de rebentar uma bomba no metro?

Até eu posso ser confundido com um jovem muçulmano. E, não seria exactamente entusiasmante, mas se algum dos seis mil polícias que estiveram nas ruas de Londres nesta quinta-feira me tivesse pedido para abrir uma mala, eu não teria tido qualquer problema. E muito menos ficaria rancoroso em relação ao velho de oitenta anos de fato listado e bengala que passaria ao meu lado sem ter sido interpelado pelas autoridades.

A crónica segue em frente, reforçando a argumentação com factos de almanaque, antes de acabar num corolário em que se pinta o novo Holocausto. Que «mais de metade dos árabes americanos são cristãos e não é na aparência que se detecta se são árabes», que os muçulmanos podem aparentar ter «proveniência africana, latina, europeia, portuguesa», etc. E qual é o problema de definir os possíveis terroristas como pertencentes de grupos raciais definidos? Pode até admitir-se que a metodologia do "pele de risco" seja tão racista como é ingénua, ao misturar paquistaneses, sicilianos, portugueses, sarracenos, e beduínos, mas a questão aqui é que não se está a perseguir, ou oprimir, ninguém por causa da religião - mas sim a tentar prevenir que alguém assassine civis num transporte público, seja em nome de que causa for.

Não discuto a eficácia ou não das medidas de segurança que estão a ser aplicadas, muitas delas em situação limite (há polícias em Londres que estão a trabalhar há 30 dias seguidos), mas há certo tipo de indignações morais, alinhadas no politicamente correcto, que me parecem desapropriados no contexto actual.

Atenção, gosto de coisas desapropriadas, mas não de indignações morais.

terça-feira, agosto 02, 2005

Pergunta a um conservador com uma costela de pseudo-esteta e outra de snob:

E de ir à praia ver rabos, gostas?


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segunda-feira, agosto 01, 2005

Consta que o Marlon Brando também terá estado uma noite no tal clube rockabilly do Soho

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