sexta-feira, março 31, 2006
Olá a todos, o meu nome é André Lapa, tenho 26 anos, e ando metido na bloga desde Novembro de 2003.
Blogself-infatuation type post II
Este blogue conhece todos os mistérios dos prazeres carnais e é capaz de desvendar a intricada sexualidade feminina - de olhos fechados.
A prova disso é que aqui há uns dias tive uma relação sexual.
A prova disso é que aqui há uns dias tive uma relação sexual.
Blogself-infatuation type post
Este blogue é dos melhores blogues de sempre. O facto de não ultrapassar as 90 visitas diárias só atesta a sua qualidade e o seu carácter indie e irreverente. Há muita gente na blogosfera que é claramente sobrevalorizada e, sobretudo, chata.
Blogself-deprecating type post
Uma vez alguém disse a alguém que este blogue tinha uma «escrita meio académica».
Escrita meio quê? Palhaço.
Quanto muito liceal.
Escrita meio quê? Palhaço.
Quanto muito liceal.
Chris Morris, anyone? Anyone?
«From the moon, Cowsick's a little dot. From the ground, it's a huge mess! Like Dante meets Bosch in a crack lounge!»
Depois de ver The Day Today e Brass Eye, fica-se um bocado com a sensação de que o Daily Show é para meninas.
quinta-feira, março 30, 2006
Norwegians do it very well
Mais uma boa surpresa da editora ACT Music:
(Solveig Slettahjell - a Protestant vicar's daughter)
'Pip-pop, bing, zzzzzjjjmmm... this is serious stuff '
«Her phrasing is governed only by the imperatives of where to start, pause and stop a line. No vibrato, no melisma to get worked up over. Absolute concentration on what melody does. If this is what pixie-dust gives you, then I'm all for it. »
Não sei se o mito dos nórdicos terem uma relação muito saudável com a sexualidade é mesmo verdadeiro - nunca tive o prazer de comprovar - mas, olhando para a qualidade do Jazz deles*, não fico com muitas dúvidas.
*o facto de não serem católicos também ajuda
(Solveig Slettahjell - a Protestant vicar's daughter)
'Pip-pop, bing, zzzzzjjjmmm... this is serious stuff '
«Her phrasing is governed only by the imperatives of where to start, pause and stop a line. No vibrato, no melisma to get worked up over. Absolute concentration on what melody does. If this is what pixie-dust gives you, then I'm all for it. »
(Nick Coleman, The Independent)
Não sei se o mito dos nórdicos terem uma relação muito saudável com a sexualidade é mesmo verdadeiro - nunca tive o prazer de comprovar - mas, olhando para a qualidade do Jazz deles*, não fico com muitas dúvidas.
*o facto de não serem católicos também ajuda
quarta-feira, março 29, 2006
Update musical, João César das Neves e o Tesão
João César das Neves a profetizar em grande estilo no DN:
(...) A juventude naturalmente não pode existir sem uma fé. Os que a assumem, vivem equilibrados; os outros são explorados por interesses sedutores. O rock e o metal, por exemplo, apresentam-se cada vez mais como avassaladoras galáxias de doutrinas metafísicas, com santuários, paramentos, liturgias e penitências. Os novos profetas organizam-se em bandas e a visita semanal à discoteca substitui para muitos a missa. O êxtase dos concertos imita as antigas apoteoses dionisíacas. (...)
Não vou entrar em grandes considerações sobre as «avassaladoras galáxias» ou «apoteoses dionisíacas», e vou poupar-vos ao meu amadorismo do Photoshop, sobretudo quando isso já foi feito num dos melhores blogues portugueses.
Mas é difícil não nos lembrarmos de uma das crónicas do Ricardo Araújo Pereira na Visão, em que ficámos a saber que João César das Neves dá tesão ao jovem humorista português.
Há, de facto, um certo tesão no Catolicismo. Por exemplo, só uma grande dose de fetichismo é que pode levar homens adultos a brincar às Ordens dos Cavaleiros Ordenados de Deus (ou qualquer coisa do género) em pleno séc. XXI.
E, historicamente, não esqueçamos que a Igreja Católica não veio só ocupar o vazio de poder deixado pela implosão do Império Romano. O Cristianismo também se apoderou da esfera moral e reclamou para si a exclusividade da devassidão orgíaca.
Ao condenar os comportamentos indecentes que terão levado ao declínio dos romanos, a Igreja passou a limitar esses mesmos comportamentos a um conjunto reservado de pessoas, de modo a preservar a integridade espiritual dos demais. Esse grupo de privilegiados com acesso exclusivo (e não sancionado) à luxúria, também era conhecido por Clero.
Mas não queremos ser fundamentalistas. Nem toda a gente acha que o Catolicismo é excitante. É o caso do Brian Eno, que escreveu em A Year With Swollen Appendices:
Woke at 4.30. Funny thing - in Ireland I rarely get an erection. It must be something to do with all that Catholicism in the air.
A mim a religião não me excita de sobremaneira. Às vezes faz-me confusão, às vezes faz-me rir, ou até me provoca alguma admiração. Hoje em dia também já não me irrita tanto, acho que passei a fase do «fervor beato dos ateísmos» (JCN a chamar beatos aos ateus - ouch!); e sobretudo aquelas discussões idiotas do género é-mais-difícil-portanto-tem-mais-valor-acreditar-em-Deus versus é-mais-complicado-aceitar-que-não-há-um-ente-superior-e-vale-mais-admitir-que-a-vida-é-só-isto. Porquê essa obsessão com a disputa de «a minha existência é bem mais complicada do que a tua»? Keep it simple, baby.
E isto tudo leva-nos ao Murder by Numbers, um original dos The Police, aqui numa grande versão que junta o Sting e o über-genious Frank Zappa. A tocar ali ao lado. Enjoy.
(...) A juventude naturalmente não pode existir sem uma fé. Os que a assumem, vivem equilibrados; os outros são explorados por interesses sedutores. O rock e o metal, por exemplo, apresentam-se cada vez mais como avassaladoras galáxias de doutrinas metafísicas, com santuários, paramentos, liturgias e penitências. Os novos profetas organizam-se em bandas e a visita semanal à discoteca substitui para muitos a missa. O êxtase dos concertos imita as antigas apoteoses dionisíacas. (...)
Não vou entrar em grandes considerações sobre as «avassaladoras galáxias» ou «apoteoses dionisíacas», e vou poupar-vos ao meu amadorismo do Photoshop, sobretudo quando isso já foi feito num dos melhores blogues portugueses.
Mas é difícil não nos lembrarmos de uma das crónicas do Ricardo Araújo Pereira na Visão, em que ficámos a saber que João César das Neves dá tesão ao jovem humorista português.
Há, de facto, um certo tesão no Catolicismo. Por exemplo, só uma grande dose de fetichismo é que pode levar homens adultos a brincar às Ordens dos Cavaleiros Ordenados de Deus (ou qualquer coisa do género) em pleno séc. XXI.
E, historicamente, não esqueçamos que a Igreja Católica não veio só ocupar o vazio de poder deixado pela implosão do Império Romano. O Cristianismo também se apoderou da esfera moral e reclamou para si a exclusividade da devassidão orgíaca.
Ao condenar os comportamentos indecentes que terão levado ao declínio dos romanos, a Igreja passou a limitar esses mesmos comportamentos a um conjunto reservado de pessoas, de modo a preservar a integridade espiritual dos demais. Esse grupo de privilegiados com acesso exclusivo (e não sancionado) à luxúria, também era conhecido por Clero.
Mas não queremos ser fundamentalistas. Nem toda a gente acha que o Catolicismo é excitante. É o caso do Brian Eno, que escreveu em A Year With Swollen Appendices:
Woke at 4.30. Funny thing - in Ireland I rarely get an erection. It must be something to do with all that Catholicism in the air.
A mim a religião não me excita de sobremaneira. Às vezes faz-me confusão, às vezes faz-me rir, ou até me provoca alguma admiração. Hoje em dia também já não me irrita tanto, acho que passei a fase do «fervor beato dos ateísmos» (JCN a chamar beatos aos ateus - ouch!); e sobretudo aquelas discussões idiotas do género é-mais-difícil-portanto-tem-mais-valor-acreditar-em-Deus versus é-mais-complicado-aceitar-que-não-há-um-ente-superior-e-vale-mais-admitir-que-a-vida-é-só-isto. Porquê essa obsessão com a disputa de «a minha existência é bem mais complicada do que a tua»? Keep it simple, baby.
E isto tudo leva-nos ao Murder by Numbers, um original dos The Police, aqui numa grande versão que junta o Sting e o über-genious Frank Zappa. A tocar ali ao lado. Enjoy.
terça-feira, março 28, 2006
Frases que desgostam qualquer bloguista de bom-senso
-Não tenho tempo para ler blogues
-Tenho sabido de ti pelo teu blogue
-Já disseste isso no teu blogue
-És mesmo tu que fazes aquelas bandas desenhadas do teu blogue?
-Só leio os blogues dos meus amigos
-Só leio blogues sobre política
-Blogue? Que giro. E fodes?
-Tenho sabido de ti pelo teu blogue
-Já disseste isso no teu blogue
-És mesmo tu que fazes aquelas bandas desenhadas do teu blogue?
-Só leio os blogues dos meus amigos
-Só leio blogues sobre política
-Blogue? Que giro. E fodes?
O Achtung Baby não é feito pelos seus leitores (que ideia tão disparatada) mas admite o direito de resposta
Escrevo apenas para esclarecer que nunca foi nossa intenção desagradar quem quer que seja e que a página em causa apenas pretende alertar aos nossos leitores o que de interessante se faz nos blogs portugueses. Por todo o incómodo pedimos desculpas.
[Responsável devidamente identificado da Mundo Universitário]
Um gajo anda a ler a Sábado e depois apanha barretes destes
Outro dia fui a uma festa privada - mas não assim tão privada, senão eu não tinha entrado - num palacete em Lisboa. Estavam lá alguns artistas, publicitários, domadores de ursos, etc. etc.; havia bebidas e dj's de Ipod, mas nada que se parecesse com uma orgia de cocaína.
Também procurei, em vão, a anfitriã que andasse a oferecer linhas de coca nos próprios seios* (como descrevia um artigo da revista Sábado aqui há uns tempos), mas nem vê-la.
Que desilusão.
*N. do B. - mamas.
Em baixo, uma orgia na perspectiva do google images:
Também procurei, em vão, a anfitriã que andasse a oferecer linhas de coca nos próprios seios* (como descrevia um artigo da revista Sábado aqui há uns tempos), mas nem vê-la.
Que desilusão.
*N. do B. - mamas.
Em baixo, uma orgia na perspectiva do google images:
sexta-feira, março 24, 2006
Pressão
Quando me mudei para Londres, um dos aspectos esgotantes de estar sempre a conhecer pessoas novas (e sentir a falta dos amigos) era a pressão de parecer interessante. De dizer coisas inteligentes; ser witty e consistentemente bem-disposto.
Em alguns blogues passa-se o mesmo. Mas depois vai desaparecendo.
Em alguns blogues passa-se o mesmo. Mas depois vai desaparecendo.
Epifania?
Hoje, quando ouvia o We Rule The School dos Belle & Sebastien, durante os versos Do something pretty while you can / Don't be a fool / Reading the Gospel to yourself is fine lembrei-me do Voz do Deserto - o blogue panqueróquer mais Protestante de Portugal.
Algumas horas depois reparei que o Achtung tinha sido linkado pelo Voz. Ler o evangelho aos outros, no caso do Tiago de Oliveira Cavaco, it's very fine. Palavra de agnóstico.
Algumas horas depois reparei que o Achtung tinha sido linkado pelo Voz. Ler o evangelho aos outros, no caso do Tiago de Oliveira Cavaco, it's very fine. Palavra de agnóstico.
Comfort Zone
Os meus Porta Pro da Koss - companheiros inseparáveis de grandes caminhadas por Londres. De Bush House a Hyde Park Square, de Notting Hill até Trafalgar Square, ou da Tower of London até Waterloo; muitas horas de escolhas musicais duvidosas.
Já da Baixa-Chiado até ao Cais Sodré, quando chove, a dúvida é outra: um curto-circuito poderá enviar-me desta para melhor? E o que dirão os transeuntes - "olha, teve uma electroKossão?" - já que a graçola fúnebre é boa característica portuguesa. (Isto para não referir o constante medo de levar com um guarda-chuva na cara e ficar com um olho camonizado, um risco sério em que incorrem as pessoas altas neste país.)
Este post bate muitos recordes de inutilidade e vacuidade - fico muito contente, é para isso que serve a blorghoecheperma.
quarta-feira, março 22, 2006
'É preciso ter-se amor à verdade'
«O amor é um perpétuo encontro, em que cada encontro quer ser o último; aquele que nunca mais separará os amantes, mas depois não vai além de ser a continuação, pequenina, mas querida, do primeiro. Em cada encontro as almas têm de procurar, sobretudo, conhecer-se. A tendência para conhecer só a parte que se deseja, ou que se compreende, acaba por matar o amor, cortando pela metade o coração amado. É preciso ter-se amor à alma inteira. É preciso ter-se amor à verdade. Isto só se alcança com o sofrimento, que é a prova de amor mais certa que há. Em contrapartida, uma pessoa habitua-se a sofrer, quando sabe porque sofre e em nome de quê. O sofrimento inútil e insuportável é o que nasce do desconhecimento, da desilusão e da consciência dum engano.»
Miguel Esteves Cardoso, Explicações de Português
Miguel Esteves Cardoso, Explicações de Português
terça-feira, março 21, 2006
segunda-feira, março 20, 2006
Update musical
It's good to hear your voice, you know it's been so long
If I don't get your calls then everything goes wrong
I want to tell you something you've known all along
Don't leave me hanging on the telephone
sábado, março 18, 2006
Saint Patrick's Day (March 17) is a Christian feast day which celebrates Saint Patrick (386-493), the patron saint of Ireland
Também costuma ser uma boa oportunidade para apreciar o volume de estupidez que resulta do encontro da natureza humana com o álcool.
(inspirado, ainda que só parcialmente, aqui)quarta-feira, março 15, 2006
Roma VII* - The Summer of 69'
*(tive de ir aos arquivos ver qual seria o próximo número desta pseudo-série, em mais uma orgulhosa prova da consistência editorial deste blogue)
Nos muitos dias de ociosidade - e foram tantos, thank god - da minha temporada em Roma, costumava ressacar dando longas caminhadas pela cidade. Apanhava o tram 8 para o centro, saía no Largo Argentina, e andava por ali às voltas, muitas vezes sem rumo definido - mas com o magnífico Panteão sempre como paragem obrigatória. Sentava-me na esplanada do McDonald's (era a única ao alcance do portafoglie de um estudante boémio), de costas devidamente voltadas para os arcos dourados, e ficava a contemplar a magnífica Piazza della Rotonda e o templo mandado construir por Adriano (que Bernini alguns séculos mais tarde tentaria assassinar, através da colocação de dois campanários).
Com o tempo também me tornei especialista em todas a bancas de Pizza a Taglio de Roma, a que dava classificações de 0 a 5, e já fazia tours elaborados da Igreja de Sant'Ignazio, impressionando as miúdas com os efeitos visuais que causa aquele magnífico tecto pintado em Trompe l'oeil.
Ainda dando graças pelo facto da minha universidade ser mais caótica do que a sinalização das estradas portuguesas, e a frequências às aulas ser, de certo modo, desencorajada (não havia lugares para todos) consegui atingir vários objectivos importantes: ver tudo que estivesse relacionado com o Miguelângelo e o Caravaggio, tomar banho numa fonte pública à noite, e ter sido quase preso por um Carabinieri numa madrugada na Piazza del Popolo.
Um dos poucos objectivos que falhei foi o de ver todas as Igrejas de Roma, mas chegou uma altura em que já era Barroco e Bambini Gesú a mais.
Nestas deambulações, a última paragem era invariavelmente o bairro de Trastevere, já no caminho para casa. Depois de atravessar a ponte Garibaldi a pé, costumava entrar pela magnífica praça da Chiesa de Santa Maria de Trastevere, com as representações da Virgem naquele bonito mosaico medieval. Bellissimo.
Nos muitos dias de ociosidade - e foram tantos, thank god - da minha temporada em Roma, costumava ressacar dando longas caminhadas pela cidade. Apanhava o tram 8 para o centro, saía no Largo Argentina, e andava por ali às voltas, muitas vezes sem rumo definido - mas com o magnífico Panteão sempre como paragem obrigatória. Sentava-me na esplanada do McDonald's (era a única ao alcance do portafoglie de um estudante boémio), de costas devidamente voltadas para os arcos dourados, e ficava a contemplar a magnífica Piazza della Rotonda e o templo mandado construir por Adriano (que Bernini alguns séculos mais tarde tentaria assassinar, através da colocação de dois campanários).
Com o tempo também me tornei especialista em todas a bancas de Pizza a Taglio de Roma, a que dava classificações de 0 a 5, e já fazia tours elaborados da Igreja de Sant'Ignazio, impressionando as miúdas com os efeitos visuais que causa aquele magnífico tecto pintado em Trompe l'oeil.
Ainda dando graças pelo facto da minha universidade ser mais caótica do que a sinalização das estradas portuguesas, e a frequências às aulas ser, de certo modo, desencorajada (não havia lugares para todos) consegui atingir vários objectivos importantes: ver tudo que estivesse relacionado com o Miguelângelo e o Caravaggio, tomar banho numa fonte pública à noite, e ter sido quase preso por um Carabinieri numa madrugada na Piazza del Popolo.
Um dos poucos objectivos que falhei foi o de ver todas as Igrejas de Roma, mas chegou uma altura em que já era Barroco e Bambini Gesú a mais.
Nestas deambulações, a última paragem era invariavelmente o bairro de Trastevere, já no caminho para casa. Depois de atravessar a ponte Garibaldi a pé, costumava entrar pela magnífica praça da Chiesa de Santa Maria de Trastevere, com as representações da Virgem naquele bonito mosaico medieval. Bellissimo.
Mas havia outro motivo que me levava a passar lá quase todos os dias. No exterior de uma pequena galeria de arte, cujo dono (suponho, nunca tive coragem de perguntar) era um velho com um ar alucinado que estava sempre à porta, expunha-se uma das ousadamente piores pinturas que tenho visto. Vivi sempre na esperança de que alguma mente ainda mais alucinada do que a do velho pintor se apaixonasse pelo quadro - por motivos que preferiria nunca saber -, e o fizesse desaparecer dali para sempre. Nunca aconteceu.
Inserido numa fila de quadros cujos temas eram folhas de árvores, chamava-se The Summer of 69', e era qualquer coisa neste género (mas a cores):
Inserido numa fila de quadros cujos temas eram folhas de árvores, chamava-se The Summer of 69', e era qualquer coisa neste género (mas a cores):
É genialmente mau, mas não deixa de ser genial.
terça-feira, março 14, 2006
domingo, março 12, 2006
Update musical
Quando as coisas em Londres já estavam a começar a ficar mais entusiasmantes, tive uma house party em Old Nichol Street (Shoreditch), perto de onde morei ao início e perto da zona em que o Jack the Ripper costumava ir passear à noite.
Os convidados eram, na grande maioria, estudantes de mestrado em Língua Inglesa, britânicos e americanos, cheios de considerações profundas e sarcásticas sobre a vida e literatura - gente boa e divertida.
Ao início da festa ainda não conhecia assim muita gente e acabei por passar algum tempo a falar com o Dj Johnny. O Dj Johnny era parecido com o Jack White, mas mais gordo, tinha um look meio mod meets the 80's e, tirando um ligeiro problema de halitose, era um gajo muito porreiro.
O Dj Johnny às tantas tocou qualquer coisa da Madonna, entre representantes da cena pós-punk britânica e da onda indie norte-americana dos anos 90.
Do alto do meu início de embriaguez (que naquela noite atingiria um nível respeitoso) elogiei-lhe o bom gosto e dirigi-lhe uma observação que, ainda hoje depois de um ano e já em estado sóbrio, considero muito feliz:
-Great choice. You know, as the years pass by, I have come to realize that a certain maturity is required to make the most of Madonna's earlier opus. The recent stuff is a crock of shit, though.
-Cheers, mate.
(Isto para chegar até esta versão sexy e evoluída de Like A Virgin, nas mãos do trio de Jazz de Lisa Bassenge, que a partir de hoje toca aí no coiso do lado).
Os convidados eram, na grande maioria, estudantes de mestrado em Língua Inglesa, britânicos e americanos, cheios de considerações profundas e sarcásticas sobre a vida e literatura - gente boa e divertida.
Ao início da festa ainda não conhecia assim muita gente e acabei por passar algum tempo a falar com o Dj Johnny. O Dj Johnny era parecido com o Jack White, mas mais gordo, tinha um look meio mod meets the 80's e, tirando um ligeiro problema de halitose, era um gajo muito porreiro.
O Dj Johnny às tantas tocou qualquer coisa da Madonna, entre representantes da cena pós-punk britânica e da onda indie norte-americana dos anos 90.
Do alto do meu início de embriaguez (que naquela noite atingiria um nível respeitoso) elogiei-lhe o bom gosto e dirigi-lhe uma observação que, ainda hoje depois de um ano e já em estado sóbrio, considero muito feliz:
-Great choice. You know, as the years pass by, I have come to realize that a certain maturity is required to make the most of Madonna's earlier opus. The recent stuff is a crock of shit, though.
-Cheers, mate.
(Isto para chegar até esta versão sexy e evoluída de Like A Virgin, nas mãos do trio de Jazz de Lisa Bassenge, que a partir de hoje toca aí no coiso do lado).
Blah
Fontes familiares dizem-me que não será retrete a palavra a vilipendiar, mas sim sanita. No fundo até são duas coisas diferentes, mas enfim.
Isto lembra-me uma frase do grande escritor fictício de ficção científica, Kilgore Trout, que dizia frequentemente: «being alive is a crock of shit».
E agora acho que vou mudar a música aqui do sítio.
Isto lembra-me uma frase do grande escritor fictício de ficção científica, Kilgore Trout, que dizia frequentemente: «being alive is a crock of shit».
E agora acho que vou mudar a música aqui do sítio.
Passatempo II
Pergunta: o que acontece quando juntamos o Lux e uma música do Jack Johnson?
Resposta: o Garage.
Resposta: o Garage.
É evidente que o que se passou no Lux ontem à noite foi uma provocação dirigida a este blogue
Nada mais explica uma passagem musical do Safety Dance (Men Without Hats, isso mesmo) directamente para uma música do Jack Johnson, de que não sei o nome mas sobre qualquer coisa que envolve um pôr-do-sol e mulheres hirsutas.
quinta-feira, março 09, 2006
quarta-feira, março 08, 2006
The Ten Bells, London E1
In the shadow of Christ Church and opposite Spitalfields Market, history is unsure of which of Jack the Ripper's victims he met in the Ten Bells pub, although it was at least one.
Was it Annie Chapman who was working as a prostitute in the area during the early hours of 8 September 1888 and was known to be drinking in the Ten Bells about 5am?
Perhaps it was Mary Kelly - the last victim - who was butchered in her nearby lodgings in the early hours of 9 November 1888, and whose internal organs had been removed and hung around the room?
mulher, ah, Mulher
Dia da Mulher. À parte de considerações políticas, de quotas, saltos altos, que deixo para dias mais chatos, importa dizer que se gosta de mulheres. Como fazem todos esses blogues bem masculinos que, de vez em quando, falam da Mulher, postam a Mulher. Toda irresístivel, despida e bem feitinha; nessa espécie de amor misógino à Mulher onde se esquecem as mulheres. Faz parte, suponho, aqui também já aconteceu.
E de todas as outras mulheres, mulheres, mulheres. Até da mulher que escreve com palavrões em blogues, que se imagina bonita e sexualmente voraz, e depois é uma gordinha querida com teorias sobre alter-egos bloguísticos. Dessas todas.
Seja fiel à sua mulher, se não tiver mulher seja fiel à Mulher; mas não perca nunca esse sentimento pela Mulher. Não deixe jamais de querer proteger a sua mulher (mas faça-o de um modo elegante e pouco troglodita), de lhe querer fazer festinhas e dizer-lhe que adora as maminhas dela. Até pode ser que tenha de mentir de vez em quando, mas seja sempre verdadeiro, get it? Sei lá, tanta coisa, estou um bocado cansado, falta-me o (pouco) engenho.
Gosto muito de um bocado de loucura nas mulheres. Não encontro nenhum pretexto para escrever isso desta maneira, assim meia crua, pouco graciosa. Mas gosto mesmo. As minhas relações mais marcantes, mais importantes, foram todas com doidas. Não no sentido clínico do termo, é claro.
«A não-sei-quantas? Mas ela não é meia doida?» É, é, nem imaginas, what a ride. It's all about the ride, man. Chego a dar por mim há procura de sinais de loucura nas mulheres que vou conhecendo. Só falta começar a perguntar «e a menina, é doida?». Um caso claro de tendências suicidas, disse alguém no outro dia.
E de todas as outras mulheres, mulheres, mulheres. Até da mulher que escreve com palavrões em blogues, que se imagina bonita e sexualmente voraz, e depois é uma gordinha querida com teorias sobre alter-egos bloguísticos. Dessas todas.
Seja fiel à sua mulher, se não tiver mulher seja fiel à Mulher; mas não perca nunca esse sentimento pela Mulher. Não deixe jamais de querer proteger a sua mulher (mas faça-o de um modo elegante e pouco troglodita), de lhe querer fazer festinhas e dizer-lhe que adora as maminhas dela. Até pode ser que tenha de mentir de vez em quando, mas seja sempre verdadeiro, get it? Sei lá, tanta coisa, estou um bocado cansado, falta-me o (pouco) engenho.
Gosto muito de um bocado de loucura nas mulheres. Não encontro nenhum pretexto para escrever isso desta maneira, assim meia crua, pouco graciosa. Mas gosto mesmo. As minhas relações mais marcantes, mais importantes, foram todas com doidas. Não no sentido clínico do termo, é claro.
«A não-sei-quantas? Mas ela não é meia doida?» É, é, nem imaginas, what a ride. It's all about the ride, man. Chego a dar por mim há procura de sinais de loucura nas mulheres que vou conhecendo. Só falta começar a perguntar «e a menina, é doida?». Um caso claro de tendências suicidas, disse alguém no outro dia.
segunda-feira, março 06, 2006
O meu primeiro 'meme', how exciting
Lord Ass, 1st Earl of Quaresmeiras Roxas (onde, note, não entram admiradores de Kiezlowski), intimou este blogue com o seguinte meme (pronuncia-se méme ou même?):
«Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs aviso do ‘recrutamento’. Ademais, cada participante deve reproduzir este ‘regulamento’ no seu blog.»
Não sei se tenho «hábitos muito pessoais» que me diferenciem do comum dos mortais. Talvez uma ou outra deformidade física, um ocasional pensamento sociopata ou ter o vinil do single Safety Dance dos Men Without Hats, me diferenciem do resto dos mortais; mas isso de hábitos muito pessoais já não sei. Sou muito preguiçoso para ter hábitos.
Mas, vamos tentar:
1 - Quando se despedem de mim com um Tchau digo sempre Adeus, e vice-versa. Não sei bem porquê. (Começo a sentir os narizinhos de reprovação desses espíritos iluminados que acham que não se deve dizer prenda ou vermelho, embora, verdade seja dita, aleijar e retrete sejam palavras muito feias).
2 - Quando começa a dar um filme do Steven Seagal ou do Van Damme na televisão não consigo mudar o canal. Se envolve desastres ecológicos, crianças orfãs ou viúvas traumatizadas, costumo gritar repetidamente "yeah! yeah!" e dou saltinhos e murros no ar quando o herói enlameado se recupera e vence a luta final. Depois, entusiasmado, vou ter com a minha namorada, convenço-a a jogar um pouco de boxe e ela parte-me o nariz.
3 - Algumas pessoas dizem que folheio livros e revistas de uma maneira estranha, que involve o uso exclusivo de uma só mão. (Há coisas mais interessantes para se fazer com a outra mão enquanto se folheia um livro - e, por favor, afaste essa imagem grotesca da imaginação).
4 - Quando vou experimentar roupa numa loja, faço sempre uma dançazinha em frente ao espelho. Nunca se sabe.
5 - Gosto de tirar um cigarro e ficar a brincar algum tempo com ele antes de o acender. É, de facto, uma parábola relativa às minhas capacidades de dar conversa às mulheres; com a diferença de que nesta situação não é frequente terminar-se com algum tipo de combustão.
Ah, já me tinha esquecido, tenho de passar isto para cinco pessoas:
1 - Para la Pipoca do A Pipoca Mais Doce (aposto que vai envolver sapatos)
2 - Para a mary do MyLifeWithMe (olhe, responda com imagens, sei lá, seja criativa)
3 - Para a Leididi do Blog do Desassossego ("Leididi", "Pipoca", "Mary"; vocês são o quê? as Powerpuff Girls portuguesas? ah!)
4 - Para a Mariana do huntingideas (que tem a mania que canta bem, e canta mesmo)
5 - E para o António Maria, para ver se escreve qualquer coisa naquele que já foi o melhor blogue indie de humor em Portugal. Abraço.
«Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs aviso do ‘recrutamento’. Ademais, cada participante deve reproduzir este ‘regulamento’ no seu blog.»
Não sei se tenho «hábitos muito pessoais» que me diferenciem do comum dos mortais. Talvez uma ou outra deformidade física, um ocasional pensamento sociopata ou ter o vinil do single Safety Dance dos Men Without Hats, me diferenciem do resto dos mortais; mas isso de hábitos muito pessoais já não sei. Sou muito preguiçoso para ter hábitos.
Mas, vamos tentar:
1 - Quando se despedem de mim com um Tchau digo sempre Adeus, e vice-versa. Não sei bem porquê. (Começo a sentir os narizinhos de reprovação desses espíritos iluminados que acham que não se deve dizer prenda ou vermelho, embora, verdade seja dita, aleijar e retrete sejam palavras muito feias).
2 - Quando começa a dar um filme do Steven Seagal ou do Van Damme na televisão não consigo mudar o canal. Se envolve desastres ecológicos, crianças orfãs ou viúvas traumatizadas, costumo gritar repetidamente "yeah! yeah!" e dou saltinhos e murros no ar quando o herói enlameado se recupera e vence a luta final. Depois, entusiasmado, vou ter com a minha namorada, convenço-a a jogar um pouco de boxe e ela parte-me o nariz.
3 - Algumas pessoas dizem que folheio livros e revistas de uma maneira estranha, que involve o uso exclusivo de uma só mão. (Há coisas mais interessantes para se fazer com a outra mão enquanto se folheia um livro - e, por favor, afaste essa imagem grotesca da imaginação).
4 - Quando vou experimentar roupa numa loja, faço sempre uma dançazinha em frente ao espelho. Nunca se sabe.
5 - Gosto de tirar um cigarro e ficar a brincar algum tempo com ele antes de o acender. É, de facto, uma parábola relativa às minhas capacidades de dar conversa às mulheres; com a diferença de que nesta situação não é frequente terminar-se com algum tipo de combustão.
Ah, já me tinha esquecido, tenho de passar isto para cinco pessoas:
1 - Para la Pipoca do A Pipoca Mais Doce (aposto que vai envolver sapatos)
2 - Para a mary do MyLifeWithMe (olhe, responda com imagens, sei lá, seja criativa)
3 - Para a Leididi do Blog do Desassossego ("Leididi", "Pipoca", "Mary"; vocês são o quê? as Powerpuff Girls portuguesas? ah!)
4 - Para a Mariana do huntingideas (que tem a mania que canta bem, e canta mesmo)
5 - E para o António Maria, para ver se escreve qualquer coisa naquele que já foi o melhor blogue indie de humor em Portugal. Abraço.
Já que é noite de Óscares...
...e o Brokeback Mountain um dos favoritos, queria fazer referência ao Top Gun, esse grande filme sobre homossexualidade, dos anos 80 (a década em que a cultura gay entrou em força no maintream artístico, sob a forma de permanentes, cores garridas e Boy George); e cuja melhor análise foi interpretada por Quentin Tarantino, no quase esquecido Sleep With Me (1994):
«Sid: Top Gun is fucking great. What is Top Gun? You think it's a story about a bunch of fighter pilots.
Duane: It's about a bunch of guys waving their dicks around.
Sid: It is a story about a man's struggle with his own homosexuality. It is! That is what Top Gun is about, man. You've got Maverick, all right? He's on the edge, man. He's right on the fucking line, all right? And you've got Iceman, and all his crew. They're gay, they represent the gay man, all right? And they're saying, go, go the gay way, go the gay way. He could go both ways.
Duane: What about Kelly McGillis?
Sid: Kelly McGillis, she's heterosexuality. She's saying: no, no, no, no, no, no, go the normal way, play by the rules, go the normal way. They're saying no, go the gay way, be the gay way, go for the gay way, all right? That is what's going on throughout that whole movie...
He goes to her house, all right? It looks like they're going to have sex, you know, they're just kind of sitting back, he's takin' a shower and everything. They don't have sex. He gets on the motorcycle, drives away. She's like, "What the fuck, what the fuck is going on here?"
Next scene, next scene you see her, she's in the elevator, she is dressed like a guy. She's got the cap on, she's got the aviator glasses, she's wearing the same jacket that the Iceman wears. She is, okay, this is how I gotta get this guy, this guy's going towards the gay way, I gotta bring him back, I gotta bring him back from the gay way, so I'll do that through subterfuge, I'm gonna dress like a man. All right? That is how she approaches it.
All right, but the REAL ending of the movie is when they fight the MIGs at the end, all right? Because he has passed over into the gay way. They are this gay fighting fucking force, all right? And they're beating the Russians, the gays are beating the Russians. And it's over, and they fucking land, and Iceman's been trying to get Maverick the entire time, and finally, he's got him, all right?
And what is the last fucking line that they have together? They're all hugging and kissing and happy with each other, and Ice comes up to Maverick, and he says, "Man, you can ride my tail, anytime!" And what does Maverick say? "You can ride mine!" Swordfight! Swordfight! Fuckin' A, man!»
That's right Iceman, I'm going to ride your tail... all night long!
«Sid: Top Gun is fucking great. What is Top Gun? You think it's a story about a bunch of fighter pilots.
Duane: It's about a bunch of guys waving their dicks around.
Sid: It is a story about a man's struggle with his own homosexuality. It is! That is what Top Gun is about, man. You've got Maverick, all right? He's on the edge, man. He's right on the fucking line, all right? And you've got Iceman, and all his crew. They're gay, they represent the gay man, all right? And they're saying, go, go the gay way, go the gay way. He could go both ways.
Duane: What about Kelly McGillis?
Sid: Kelly McGillis, she's heterosexuality. She's saying: no, no, no, no, no, no, go the normal way, play by the rules, go the normal way. They're saying no, go the gay way, be the gay way, go for the gay way, all right? That is what's going on throughout that whole movie...
He goes to her house, all right? It looks like they're going to have sex, you know, they're just kind of sitting back, he's takin' a shower and everything. They don't have sex. He gets on the motorcycle, drives away. She's like, "What the fuck, what the fuck is going on here?"
Next scene, next scene you see her, she's in the elevator, she is dressed like a guy. She's got the cap on, she's got the aviator glasses, she's wearing the same jacket that the Iceman wears. She is, okay, this is how I gotta get this guy, this guy's going towards the gay way, I gotta bring him back, I gotta bring him back from the gay way, so I'll do that through subterfuge, I'm gonna dress like a man. All right? That is how she approaches it.
All right, but the REAL ending of the movie is when they fight the MIGs at the end, all right? Because he has passed over into the gay way. They are this gay fighting fucking force, all right? And they're beating the Russians, the gays are beating the Russians. And it's over, and they fucking land, and Iceman's been trying to get Maverick the entire time, and finally, he's got him, all right?
And what is the last fucking line that they have together? They're all hugging and kissing and happy with each other, and Ice comes up to Maverick, and he says, "Man, you can ride my tail, anytime!" And what does Maverick say? "You can ride mine!" Swordfight! Swordfight! Fuckin' A, man!»
That's right Iceman, I'm going to ride your tail... all night long!
sexta-feira, março 03, 2006
Supadupah Fro em busca do sentido de humor na noite de Carnaval
Supadupah Fro aborda uma sistâ com um quase tão belo afro e uma quase tão bela indumentária inspirada nos anos 70:
Supadupah Fro - Somos, sem dúvida, os piratas mais giros deste festejo.
Pseudo 70's sista - Ah... (vira as costas)
Supadupah Fro aborda um brodêr mascarado de cowboy:
Supadupah Fro - Então e o Ennis del Mar, ficou em casa?
Cowboy brôder - Uh?
(meia hora mais tarde alguém lhe deve ter explicado a piada, porque tentou atingir o Superdupah Fro com um murro que foi prontamente amortecido pela farta cabeleira e o assunto resolvido em dois segundos e três golpes de Soul Disco Ass-Kicking Kung Fu )
Supadupah Fro aborda uma sistâ vestida como uma gueixa chinesa, pede para ver a sombrinha chinesa que ela transporta e, constatando que é realmente feita de bambu e papel, exclama:
Supadupah Fro - Whoa, a tua bebida deve ter vindo num copo bem grande!
Gueixa sista - Ahahahahahahahahahahahah.
ka-ching!
Supadupah Fro - Somos, sem dúvida, os piratas mais giros deste festejo.
Pseudo 70's sista - Ah... (vira as costas)
Supadupah Fro aborda um brodêr mascarado de cowboy:
Supadupah Fro - Então e o Ennis del Mar, ficou em casa?
Cowboy brôder - Uh?
(meia hora mais tarde alguém lhe deve ter explicado a piada, porque tentou atingir o Superdupah Fro com um murro que foi prontamente amortecido pela farta cabeleira e o assunto resolvido em dois segundos e três golpes de Soul Disco Ass-Kicking Kung Fu )
Supadupah Fro aborda uma sistâ vestida como uma gueixa chinesa, pede para ver a sombrinha chinesa que ela transporta e, constatando que é realmente feita de bambu e papel, exclama:
Supadupah Fro - Whoa, a tua bebida deve ter vindo num copo bem grande!
Gueixa sista - Ahahahahahahahahahahahah.
ka-ching!
Supadupah Fro - The Bro with the Supafro!
quarta-feira, março 01, 2006
Clube de leitura revisitado: reviver o passado nos clubes de leitura?* (Parte I)
*mais uma contribuição da Catarina, a correspondente não-oficial deste blogue em Londres. Desta vez volta-se à grande questão cósmica que atormenta a Catarina desde sempre e que envolve a busca pela leitura em clubes denominados clubes de leitura. Enjoy.
Era suposto ter-me curado da minha obsessão de encontrar o clube de leitura ideal. Mas não pude resistir. Estava na livraria do meu bairro londrino, quando vi o letreiro que anunciava a próxima reunião do grupo local para debater "Washington Square" de Henry James. Era um livro que não tinha lido de um autor que eu gosto e então pensei: Por que não?
"As muitas razões porque não... serão expostas a seu tempo", como poderia ter dito o próprio James, no seu tom sóbrio e extremamente objectivo.
Primeiro é preciso que vos conte a história do livro em poucas de linhas. Nova Iorque em meados do século XIX. Catherine Sloper é uma jovem herdeira que é descrita como pouco interessante, mas com um óptimo rendimento anual. O pai é um médico viúvo, astuto e obstinado, que cedo se apercebe que ela está a ser alvo do charme de Morris Townsend: bem-parecido, inteligente, manipulador, desonesto e cruel.
A rapariga apaixona-se, ajudada por uma tia que sucumbe de uma maneira platónica à presença cativante de Morris. O pai opõe-se e tenta investigar o carácter do pretendente à filha, apurando que ele não tem um chavo, não trabalha, não quer trabalhar e a sua honra deixa muito a desejar. Apesar de não poder impedir Catherine de casar com Townsend, o médico deserda-a, apesar dela ser uma mulher rica por herança da mãe.
Sem o dinheiro do pai, Morris rompe o noivado com Catherine que enterra as suas emoções e torna-se uma solteirona resignada. Estamos a falar de traição, de teimosia, do facto das pessoas não mudarem, dos constrangimentos sociais e familiares em Manhattan no século XIX.
Voltando a Greenwich, 2006. O grupo de leitura reuniu-se no café da livraria, com alguns empregados destinados a servirem de moderadores do debate e oferecer vinho aos participantes. "Washington Square" deve ser uma obra muito popular porque apareceram 17 pessoas para o encontro, algumas pela primeira vez.
Um sub-grupo eram senhoras bem compostas e bem educadas, vestidas com bom senso, mas com um toque de excentricidade, uma das quais trouxe uma manta para colocar sobre as pernas, não fosse ter frio, num afã de previdência. Outra tinha no seu colo um cão castanho da raça "salsicha", perna curta e orelhas compridas e uma expressão de leve espanto. De qualquer modo é uma personagem com que não nos vamos preocupar porque dormiu durante quase todo o tempo e não ladrou nenhuma opinião. Será que prefere Jane Austen?
Dois homens de fato e gravata que não estavam juntos pareciam peixes fora de água. Um deles admitiu não perceber nada de livros e literatura. Talvez tenha sido atraído pelo rácio esmagador de seis mulheres para um homem?
Uma possível romântica tipo "Bridget Jones" loura e bonitinha, com os óculos empinados no nariz parecia-me a pessoa indicada para namorar com esse homem, pensei com a minha tendência casamenteira quase semelhante à tia Lavinia do livro, que é cómica, mas irritante.
Era suposto ter-me curado da minha obsessão de encontrar o clube de leitura ideal. Mas não pude resistir. Estava na livraria do meu bairro londrino, quando vi o letreiro que anunciava a próxima reunião do grupo local para debater "Washington Square" de Henry James. Era um livro que não tinha lido de um autor que eu gosto e então pensei: Por que não?
"As muitas razões porque não... serão expostas a seu tempo", como poderia ter dito o próprio James, no seu tom sóbrio e extremamente objectivo.
Primeiro é preciso que vos conte a história do livro em poucas de linhas. Nova Iorque em meados do século XIX. Catherine Sloper é uma jovem herdeira que é descrita como pouco interessante, mas com um óptimo rendimento anual. O pai é um médico viúvo, astuto e obstinado, que cedo se apercebe que ela está a ser alvo do charme de Morris Townsend: bem-parecido, inteligente, manipulador, desonesto e cruel.
A rapariga apaixona-se, ajudada por uma tia que sucumbe de uma maneira platónica à presença cativante de Morris. O pai opõe-se e tenta investigar o carácter do pretendente à filha, apurando que ele não tem um chavo, não trabalha, não quer trabalhar e a sua honra deixa muito a desejar. Apesar de não poder impedir Catherine de casar com Townsend, o médico deserda-a, apesar dela ser uma mulher rica por herança da mãe.
Sem o dinheiro do pai, Morris rompe o noivado com Catherine que enterra as suas emoções e torna-se uma solteirona resignada. Estamos a falar de traição, de teimosia, do facto das pessoas não mudarem, dos constrangimentos sociais e familiares em Manhattan no século XIX.
Voltando a Greenwich, 2006. O grupo de leitura reuniu-se no café da livraria, com alguns empregados destinados a servirem de moderadores do debate e oferecer vinho aos participantes. "Washington Square" deve ser uma obra muito popular porque apareceram 17 pessoas para o encontro, algumas pela primeira vez.
Um sub-grupo eram senhoras bem compostas e bem educadas, vestidas com bom senso, mas com um toque de excentricidade, uma das quais trouxe uma manta para colocar sobre as pernas, não fosse ter frio, num afã de previdência. Outra tinha no seu colo um cão castanho da raça "salsicha", perna curta e orelhas compridas e uma expressão de leve espanto. De qualquer modo é uma personagem com que não nos vamos preocupar porque dormiu durante quase todo o tempo e não ladrou nenhuma opinião. Será que prefere Jane Austen?
Dois homens de fato e gravata que não estavam juntos pareciam peixes fora de água. Um deles admitiu não perceber nada de livros e literatura. Talvez tenha sido atraído pelo rácio esmagador de seis mulheres para um homem?
Uma possível romântica tipo "Bridget Jones" loura e bonitinha, com os óculos empinados no nariz parecia-me a pessoa indicada para namorar com esse homem, pensei com a minha tendência casamenteira quase semelhante à tia Lavinia do livro, que é cómica, mas irritante.
Clube de leitura revisitado: reviver o passado nos clubes de leitura?* (Parte II)
Analisando a dinâmica deste grupo particular sobressaíam três pessoas, cujo único objectivo era dominar as massas e falar sem parar, numa torrente de análises, hipóteses e crítica literária. Uma delas foi galardoada por mim com o prémio do "louco varrido".
Alto, gordo, com óculos de lentes grossas e o cabelo sujo a cair nos ombros trajava fato de treino, apesar de não parecer ter posto o pé no ginásio em muitos anos. Com a respiração ofegante, distribuíu mapas e planos para que nós compreendermos onde decorria a acção de "Washington Square". Foi o sinal de alerta que tinha imenso tempo livre, além de opiniões estranhas.
Imaginei-o num quarto desarrumado e decorado ao estilo anos 70 (e não estou a referir-me ao aspecto sofisticado ou de revivalismo irónico pós-moderno da dita década) a procurar artigos na internet para se informar e estudar o tema de modo a poder impressionar os membros do clube de leitura.
O "louco varrido" começava as todas as frases com "o que ninguém aqui percebeu é que..."; neste caso o que nós ignorantes não tinhamos apercebido foi das inúmeras referências matemáticas ocultas na nomenclatura dos locais, das personagens, símbolos e sinais esotéricos enterrados em páginas.
Afinal, li o livro errado, reflecti, parece-me que no fim de contas estamos a debater o código da Vinci! A verdade é que o homem tinha razão que ninguém compreendia nada do que ele dizia quando falou do "aspecto cabalístico" do pobre Henry James que devia estar a dar voltas no caixão.
O tema da situação das mulheres veio à baila e "louco varrido" quis mostrar-se bastante emancipado declarando que "as mulheres eram oprimidas na sociedade nova-iorquina vitoriana". Poderia argumentar-se que os Estados Unidos já eram uma república que nada queria ter que ver com a temível Rainha Vitória.
Possivelmente psicopata, o nosso protagonista (ninguém mais conseguiu quase falar) começou a fixar os seus medonhos olhos na "Bridget Jones" que desapontada pela falta de um final feliz, lançou-se numa defesa incompreensível de Morris Townsend, o mauzão do livro. "Se ao menos lhe tivessem dado uma hipótese, se o tivessem deixado em paz, ele teria casado com a herdeira rica como queria".
Aproveitando os problemas respiratórios do "louco varrido" entretido a tossicar, várias pessoas lembraram que Morris era um canalha, que tinha enganado a ingénua Catherine, que era preguiçoso e imoral. "Bridget Jones" voltou à carga, e usou os dedinhos para fazer o sinal de aspas (como odeios pessoas que fazem isto, principalmente em séries americanas sem piada). "Give him a break", soltou a apologista do escroque.
Começei a divagar e a pensar noutras personagens literárias: "Give him a break", se ao menos tivessem dado uma hipótese ao Hanibal Lecter ele não tinha comido aquela gente toda! E o Frankenstein? E o King Kong, coitadinho, era um gorila tão simpático. Se o tivessem deixado casar com a rapariga, os arranha-céus e carros tinham sido poupados.
Claro que estou a exagerar, mas é só para terem uma ideia. Acho que me fartei de ser o narrador objectivo à maneira de Henry James. Querem saber se me pronunciei? Apenas para dizer que tinha muita pena de Catherine, que me pareceu uma personagem cheia de dignidade e que estava dividida entre o sentimento de dever e a paixão pelo "Mr Wrong" (a Bridget Jones devia empatizar).
Um dos homens olhou para mim e disse mas ela é tão "boring!" está sempre a bordar...! Não sabia como explicar-lhe que era isso que as mulheres faziam naquela altura, mas não foi preciso encontrar palavras porque o "louco varrido" tinha para dar e vender.
Excitado com o próximo encontro sugeriu "as árvores também choram", um livro de que ninguém tinha ouvido falar, mas que foi rejeitado pelo grupo por unanidade com base no teor absurdo do título. Gostaria de saber se algum dos membros do clube de leitura vai aparecer no próximo encontro. É que eu não posso ir... como dizem nas séries americanas: vou ter que lavar o cabelo nesse dia.
Alto, gordo, com óculos de lentes grossas e o cabelo sujo a cair nos ombros trajava fato de treino, apesar de não parecer ter posto o pé no ginásio em muitos anos. Com a respiração ofegante, distribuíu mapas e planos para que nós compreendermos onde decorria a acção de "Washington Square". Foi o sinal de alerta que tinha imenso tempo livre, além de opiniões estranhas.
Imaginei-o num quarto desarrumado e decorado ao estilo anos 70 (e não estou a referir-me ao aspecto sofisticado ou de revivalismo irónico pós-moderno da dita década) a procurar artigos na internet para se informar e estudar o tema de modo a poder impressionar os membros do clube de leitura.
O "louco varrido" começava as todas as frases com "o que ninguém aqui percebeu é que..."; neste caso o que nós ignorantes não tinhamos apercebido foi das inúmeras referências matemáticas ocultas na nomenclatura dos locais, das personagens, símbolos e sinais esotéricos enterrados em páginas.
Afinal, li o livro errado, reflecti, parece-me que no fim de contas estamos a debater o código da Vinci! A verdade é que o homem tinha razão que ninguém compreendia nada do que ele dizia quando falou do "aspecto cabalístico" do pobre Henry James que devia estar a dar voltas no caixão.
O tema da situação das mulheres veio à baila e "louco varrido" quis mostrar-se bastante emancipado declarando que "as mulheres eram oprimidas na sociedade nova-iorquina vitoriana". Poderia argumentar-se que os Estados Unidos já eram uma república que nada queria ter que ver com a temível Rainha Vitória.
Possivelmente psicopata, o nosso protagonista (ninguém mais conseguiu quase falar) começou a fixar os seus medonhos olhos na "Bridget Jones" que desapontada pela falta de um final feliz, lançou-se numa defesa incompreensível de Morris Townsend, o mauzão do livro. "Se ao menos lhe tivessem dado uma hipótese, se o tivessem deixado em paz, ele teria casado com a herdeira rica como queria".
Aproveitando os problemas respiratórios do "louco varrido" entretido a tossicar, várias pessoas lembraram que Morris era um canalha, que tinha enganado a ingénua Catherine, que era preguiçoso e imoral. "Bridget Jones" voltou à carga, e usou os dedinhos para fazer o sinal de aspas (como odeios pessoas que fazem isto, principalmente em séries americanas sem piada). "Give him a break", soltou a apologista do escroque.
Começei a divagar e a pensar noutras personagens literárias: "Give him a break", se ao menos tivessem dado uma hipótese ao Hanibal Lecter ele não tinha comido aquela gente toda! E o Frankenstein? E o King Kong, coitadinho, era um gorila tão simpático. Se o tivessem deixado casar com a rapariga, os arranha-céus e carros tinham sido poupados.
Claro que estou a exagerar, mas é só para terem uma ideia. Acho que me fartei de ser o narrador objectivo à maneira de Henry James. Querem saber se me pronunciei? Apenas para dizer que tinha muita pena de Catherine, que me pareceu uma personagem cheia de dignidade e que estava dividida entre o sentimento de dever e a paixão pelo "Mr Wrong" (a Bridget Jones devia empatizar).
Um dos homens olhou para mim e disse mas ela é tão "boring!" está sempre a bordar...! Não sabia como explicar-lhe que era isso que as mulheres faziam naquela altura, mas não foi preciso encontrar palavras porque o "louco varrido" tinha para dar e vender.
Excitado com o próximo encontro sugeriu "as árvores também choram", um livro de que ninguém tinha ouvido falar, mas que foi rejeitado pelo grupo por unanidade com base no teor absurdo do título. Gostaria de saber se algum dos membros do clube de leitura vai aparecer no próximo encontro. É que eu não posso ir... como dizem nas séries americanas: vou ter que lavar o cabelo nesse dia.
Catarina F.